quarta-feira, 25 de julho de 2012

Café Europa: Emissão #32, de 23 de Julho de 2012

1.ª Hora    
01. BOYD RICE AND FRIENDS “People” USA  
02. DEATH IN JUNE “Last Farewheel” GB 
03. GOLGOTHA “Death In Honour” GER   
04. KREZWEG OST “Kalvária” AUT
05. LAIBACH “Iron Sky (soundtrack) – part I” SLV
06. LAIBACH “NSK” SLV
2.ª Hora   
01. LAIBACH Germania SLV
02. LAIBACH “Iron Sky (soundtrack) – part II” SLV
03. HORUS CHAMBER “Dr Schafer Expedition” PT
04. HORUS CHAMBER AND FRIENDS “People” PT




Laibach
(Photo by Angelo Fernandes)

Café Europa Apresenta: Laibach "Iron Sky" OST, Mute Records, 2012

Laibach: "Iron Sky"
2012 – A fronteira final está à porta.
Os Laibach – a irredutível máquina de Paz eslovena – decidiram que este seria o ano de todas as vitórias em todas as frentes. No espaço de apenas um ano, de setembro de 2011 à próxima época de reentrada ao trabalho em todo o mundo ocidental, lançar nada menos que quatro edições majestosas, ao seu jeito neo-socialista, com fortes alicerces capitalistas. Uma série que começou em setembro com a edição limitada do quíntuplo LP compilação de raridades documentais históricas do período entre 81 e 86, de título Gesamtkunstwerk, um colosso que pouco adianta de novo às já suficientes reedições de material dos tempos heróicos em que a banda de Trebovlje teve de abrir caminho com o custo da própria vida, numa Eslovénia ainda debaixo do jugo … jugoslavo. Recentemente acresceu à investida o duplo CD ao vivo “Monumental Retro-Avant-Garde (Live At Tate Modern / 14 April2012)”, imponente reposição da data londrina com temas igualmente da génese do grupo há 32 anos e outros mais clássicos e recentes. Para setembro próximo anuncia-se já a chegada de “An Introduction to Laibach, Reproductionprohibited”, uma luxuosa compilação de versões a que a banda deu nas últimas três décadas o tratamento Laibach, isto é, a recriação socialista de clássicos do ocidente cujos autores vão de Bob Dylan aos Beatles, dos The Normal aos Queen e aos Opus – um festim para altos predadores da cultura popular estatizada.
Tínhamos prometido a nós mesmos que no próximo grande destaque no Café Europa tentaríamos ser parcos em palavras – mas quando se trata da guerra de informação protagonizada pelos Laibach, é praticamente impossível a economia do verbo. Então, o que nos reúne aqui a todos, esta noite? Maio passado assistiu ao lançamento mundial da banda sonora oficial do filme do finlandês Timo Vuorensola com o título de Iron Sky, uma comédia de antecipação pseudocientífica, um sarcasmo pegado que retoma um dos mitos simultaneamente mais secretos e demenciais de toda a segunda metade do século passado.
De acordo com a narrativa, repesca-se a história de que o que restou da máquina de guerra alemã no final da II guerra, não foram destroços e ferro velho para a fornalha – a alta tecnologia alemã estaria já pronta ainda antes do final da guerra para mandar para a Lua uma frota de discos voadores para lá implantar, no seu lado oculto, uma base onde o IV Reich pudesse germinar. A mitologia neonazi há muito que nos reconta histórias mirabolantes de uma fusão de tecnologias alienígenas a partir de 1938 e de uma primeira viagem à Lua em 1942, mas aqui trata-se da reclamação global do planeta Terra por uma pretensa elite que esperou mais de setenta anos e que em 2018 – ano em que a acção tem lugar, sob a presidência nos EUA de uma finalmente eleita Sarah Palin – invade os states em massa, com naves gigantescas. Agora, à distância, pressente-se a pergunta a ser formulada – como é que os Laibach aparecem aqui e porque se meteram nisto?
Uma banda sonora é um trabalho como outro qualquer – encomenda-se a tarefa aos músicos, marcam-se deadlines, avança-se com custos de produção, acompanha-se à distância o processo de produção em estúdio para não comprar gato por lebre, e pronto. Mas quando a confiança é neste caso um dado pré-estabelecido, uma noção tácita de total liberdade de criação, a banda sonora é quase pré-existente – é o nome colectivo do projecto que funciona como mais-valia e garantia de sucesso.
O principal traço que caracterizou o grupo esloveno é o sarcasmo “cara de pau” – isto é, toda a gente percebe que a banda está a representar, mas ao fazê-lo, assume uma tão convincente representação do papel, que a dúvida entre o público é a regra e não a excepção. Graças aos seus exageros neoconstrutivistas dos anos 80, os Laibach passaram de uma imagem industrial artística para uma confusa caricatura estalinista com laivos paradoxalmente … germanófilos, já que passaram a cantar em alemão, por ser esta também uma língua falada na sua terra natal. Quando se leva uma caricatura auto imposta longe de mais, o pior que pode acontecer é que a excelente representação dê em fogo pela culatra – ou como sabiamente diz o povo, quem não quer ser lobo… E o que é certo, é que, de repente, os quatro esquálidos e magríssimos heróis do povo passaram a ser conotados com simpatias não gratas no mundo ocidental desse longo pós-guerra. Diz-se que foi por causa de qualquer coisa no grafismo da capa de “Opus Dei”, o disco de 1987. De volta ao presente, ou ao futuro, melhor dizendo, é essa mesma a forma geométrica assumida pela gigantesca base lunar que supostamente os alemães de 1945 terão construído no outro lado da Lua.
Musicalmente existem vários pontos onde pegar na banda sonora de Iron Sky; está para já recheada de cue-lines retiradas do filme, para simplificar o processo de localização narrativa. Isso ajuda a legitimar o trabalho dos Laibach. Mas, conhecendo-os bem, seria só esse o seu propósito. Com os Laibach, nunca podemos estar certos de absolutamente nada – esta, uma das outras verdades a que os veteranos já se habituaram e em que os caloiros têm sempre tendência a ficar pelo menos com um pé preso. Para dançar com os Laibach aconselha-se calçado militar. É bastante fácil para o grupo compor peças curtas para uma banda sonora – bastará o uso de synths e samplers e num tarde teriam o trabalho feito. No entanto, há peças de vários minutos incluídas em Iron Sky. Peças Laibach readaptadas, dos tempos de “Volk”, que encaixam tematicamente no desenrolar da narrativa; outras são leituras laibachizadas de aberturas de Wagner. E aqui entra um novo factor que denota uma vez mais a habilidade mercantil da economia de estado da nação imaginária NSK (Nova Arte Eslovena).
Havia um disco dos Laibach que estava pronto para sair em 2009, mas nunca foi lançado. Chamar-se-ia “VolksWagner”, e como a designação anedótica típica do grupo deixa perceber, caberia a Richard Wagner ser desta feita a presa eleita. Para além disso, e como se não bastasse, a cognição do título com uma conhecida marca de automóveis pode ter sido demais para a estrita visão legal de uma certa nação europeia. Esta teoria é nossa porque, após pesquisa na página oficial Laibach, não encontrámos qualquer outra explicação. O que é certo, é que o conceito “VolksWagner” foi deixado em pousio. Apesar de tudo, não é proibido aos artistas interpretarem obras de domínio público, ainda mais no contexto de uma banda sonora de uma ficção cujos referentes históricos (por mais disparatados que sejam) para lá apontam. E assim, os Laibach conseguem o hat-trick – banda sonora pura e dura, repescagem/retoque de temas antigos e edição em primeira mão de temas perdidos, tudo com justificação … de estado. É mestria, no mínimo.
À parte estas considerações, não deixa de ser interessante a forma como o grupo acabou por ser escolhido para criar a banda sonora do filme; Vuorensola estava na sauna quando um dos elementos da sua equipa de filmagens lhe sugeriu a realização de uma película sobre bases alemãs na Lua. O realizador concordou de imediato, na condição de serem os Laibach os responsáveis pela música. Após contacto com Liubliana, a resposta afirmativa não se fez esperar, o que de certo modo acelerou o conceito de trabalho. O especial sentido de humor do grupo acendeu uma faísca nas ideias de argumento que entretanto iam surgindo.
Com os Laibach, as negociações ocorreram de forma também sui generis. O porta-voz refere que se lembrava de havia alguns anos, um grupo de finlandeses loucos os ter contactado para esse propósito; um ano depois, chegou a embaixada, a qual foi recebida pela banda na sua casa de montanha, nos Alpes Julianos. A argumentação foi de igual modo imediatamente convincente, fundamentada pela partilha da aceitação de verosimilhança na história do filme, mesmo que isto levantasse algumas sobrancelhas no círculo à volta dos Laibach. A isto, responderam com uma carga certeira – sendo obviamente uma história hipotética, não seria totalmente impossível e de facto bem lógica, uma perfeita ilustração de uma antevisão do choque de duas civilizações nazificadas (os Estados Unidos e os Alemães refugiados na Lua), existentes na mesma escala de tempo expandida, tão próximos e no entanto tão separadas uma da outra. Se alguém vê aqui uma picardia sobre o actual papel dos Americanos no mundo, é porque está na pista certa… e mais uma vez confirma-se aqui a atracção fatal que ambas as partes artísticas envolvidas no projecto nutrem pela abordagem a temas tabu. Timo gostaria à partida que esta banda sonora de Iron Sky se aguentasse por si própria, o que terá impelido os Laibach para uma concepção mais alargada como de resto já apontámos, não sendo apenas mero débito de breves trechos ilustrativos.
A seriedade do conceito é, no fundo, divertida o que, na lógica do irreal político dos Laibach, se traduz por divertimento sério. E desta forma, o grupo desbloqueia um certo nó górdio atado às suas mãos colectivas desde o lançamento do álbum “Kunst der Fuge” não que não haja espaço para colectâneas, discos ao vivo e caixas de Luxo: a importância dos Laibach é enorme. Mas Iron Sky cumpre em todas as frentes, mesmo naquelas que trazem finalmente Richard Wagner ao convívio das suas lendárias dissecações. Sob um céu de ferro.
(Texto de João Carlos Silva)

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Café Europa: Emissão #31, de 16 de Julho de 2012

1.ª Hora  
01. STORMCLOUDS “Hearing Voices” GB  
02. KENDRA SMITH “Valley Of The Morning Sun” USA 
03. LEE RANALDO “Hammer Blows” USA   
04. UNTO ASHES “Night Is Coming Soon” USA
05. UNTO ASHES “Running With The Devil” USA
06. STRYDWOLF “Die Wiese Schaumt Von Bluten (w. Falkenstein)” NED
07. EGIDA AUREA “Trasformista” IT
08. LIYR “Entre Deux Mondes” FR
09. ORDO ROSARIUS EQUILIBRIO “My Felicity  Of Midwinter” SWE
10. COLLECTION D’ARNELL-ANDREA “The Spirit Of The Dead” FR
11. FACTORY FLOOR “Bipolar” GB
12. A LIGHT IN THE DARK “City Evenings” RUS
13. GALAXIE 500 “Final Day”
2.ª Hora    
01. GALAXIE 500 “Hearing Voices” USA
02. PERFUME GENIUS “Dark Part” USA
03. SOAP & SKIN “Wonder” AUT
04. BABY DEE “A Book Of Songs For Anne Marie” USA
05. ARTAICA “La Dama D’Aragó” ESP
06. NICK CAVE & WARREN ELLIS “Song For Bob” AUS
07. CAPRICE “Viola Floralis part I” RUS 
08. CHURCH OF RAISM “Night Scar” GB 
09. OF THE WAND AND THE MOON “Summer Solstice” DIN
10. ROME “In Cruel Fire” LUX
11. THE MYSTERY SCHOOL “Stolen (redroom mix)” USA
12. BRAINDERSTORM “Velvet Bloodline” PT
13. BEL CANTO “Shimmering, Warm & Bright ” NOR
14. BLACKMORE’S NIGHT “Past Time With Good Company” GB
15. LA CHANSON NOIRE “Ballad Of The Fangs” PT
16. LA CHANSON NOIRE “Segredos de Alcova” PT
17. YOUNG MARBLE GIANTS “Final Day” GB
Lee Ranaldo
(Photo by Ângelo Fernandes)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Café Europa: Emissão #30, de 9 de Julho de 2012

01. CURRENT 93 “When The May Rain Comes” GB
02. PALUMBO + TOMASINI “Alone Through The Darkness” IT
03. ROMA AMOR “Le Coeur Au Chaud” IT
04. EGIDA AUREA “Pedagogia Dell'Autoconservazione” IT
05. DÉFILE DES AMES “Mushrooms” GR
06. VAL DENHAM & Ô PARADIS “Split” GB+ES
07. DEAD CAN DANCE “Children Of The Sun” AUS
08. THE SONG SPARROWS Woodland Whispers” IT
09. STELLAMARA “Zephirus” USA
10. TROBAR DE MORTE “Moonspell” ES
11. MEDIAVOLO “Treasure Box” FR
12. BEL CANTO “Blank Sheets” NOR
13. NOVALIS DEUX “The Clown” GER
14. ONZE H30 “Yaourt” FR
01. SAND “May Rain” GER
02. SAGENHAFT “She Sleeps Under Green Waters” GER
03. CORVUS CORAX “Bibit Aleum” GER
04. FALKENSTEIN “Halfdan, Ragnar’s Sohn” GER
05. BELBORN “Wir Ruffen Deine Wolfe” GER
06. SANGRE CAVALLUM “Velho, Velho” PT
07. CIRCE “Wir Ruffen Deine Wolfe” ESP 
08. NAEVUS “Man In A Ditch” GB
09. CULT OF YOUTH “Eye to Eye” USA
10. DERNIÈRE VOLONTÉ “J’Oublie Que Tu Existes” FR
11. SPIRITUAL FRONT “My Erotic Sacrifice” IT
12. CLAN OF XYMOX “My Reality” NED
13. KIRLIAN CAMERA “Immortal” IT
Fabrizio Modenese Palumbo
(Photo by Angelo Fernandes)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Café Europa: Emissão #29, de 2 de Julho de 2012

01. NON “Total War” USA
02. IANVA “Tempus Destruendi” IT
03. IANVA “Il Bello Della Sfida” IT
04. IANVA “Edelweiss” IT
05. CAMERATA MEDIOLANENSE “Vago Augelletto (version)” IT
06. ARTESIA “Tristesse” FR
07. DIN BRAD “Doiná” ROM
08. ELIWAGAR “Rimnatt” NOR
09. THE MOON AND THE NIGHTSPIRIT “Felleg Útjan” HUN
10. SIEBEN “I Saw a Face”  GB
11. ROMA AMOR “Sensualita”  IT
12. Ô PARADIS “Ojos Cerrados” ESP

01. WHILE ANGELS WATCH “Savage” FR
02. CULT OF YOUTH “Torch of Man” USA
03. NAEVUS “Song In Suspension” GB
04. DERNIÈRE VOLONTÉ “Le Quai De La Gare” FR
05. ARCANA “A Cage”  SUE
06. GAE BOLG “La Valse du Fou”  FR
07. CAFÉ DE L’ENFER “Le Tristes Circuit” AUT
08. LAIBACH “B-Mashina (Iron Sky Prequel - Iron Sky OST)SLO
09. LAIBACH “Take Me To Heaven (Iron Sky OST)SLO
10. LAIBACH “Problems, Big Time! / Schwarze Sonne (Iron Sky OST)SLO
11. LAIBACH “Classroom (Where Are We From?) / Spaceship Hangar (Iron Sky OST)SLO
12. LAIBACH “Kameraden, Wir Kehren Heim! (Iron Sky OST)SLO
13. LAIBACH “Ein Spion Von Der Erde (Iron Sky OST)SLO
14. LAIBACH “Sauerkraut (Iron Sky OST)SLO
15. HORUS CHAMBER “Total WarPT
ARCANA
(PHOTO BY ÂNGELO FERNANDES)