sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Café Europa: Emissão #36, de 20 de Agosto de 2012

1.ª Hora    
 01.CURRENT 93 “Hourglass For Diane” GB
02.DEATH IN JUNE “Neutralize Decay” GB 
03.ORCHESTRE NOIR “The Affordable Holmes” GB
04.BLOOD AXIS “Electricity” USA
05.BLOOD AXIS “The Dream” USA
06.DAVID E. WILLIAMS “A Chair For Jennifer” USA
07.DAVID E. WILLIAMS “Hymn to the Genius of Idi Amin” USA
08.AMBER ASYLUM Bitter River USA
09.AMBER ASYLUM “Garden Of Love” USA
10.LES JUMEAUX DISCORDANTS “The Sailing Ship”  IT/FR
11.NATURE AND ORGANIZATION “The Wicker Man” GB
2.ª Hora 
01. SOISONG “Amkhapaa” GB
02. SOISONG “Tidti Naoo” GB
03. THRESHOLD HOUSEBOYS CHOIR “A Time Of Happening” GB
04. BARBAROSSA UMTRUNK “El Trobador Del Amor” FR 
05. BARBAROSSA UMTRUNK “Superiores Incogniti”  FR
06. LES JOYAUX DE LA PRINCESSE “ La Lumière Bleu ”  FR 
07. LES JOYAUX DE LA PRINCESSE “ Sur La Tombe D’un Camarade ” FR
08. 6th COMM Lake Of TearsGB
09. DER ARBEITER “Hijo del Sol” CHL
10. DER ARBEITER Wo Die Wilden Kerle WohnenCHL
11. HORUS CHAMBER Hourglass For DianePT
Peter Christopherson (Soisong + The Threshold HouseBoys Choir)

(Photo by Ângelo Fernandes)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Café Europa: Emissão #35, de 13 de Agosto de 2012

Especial Festival Entremuralhas 2012
1.ª Hora     
01. DEATH IN JUNE – “Kameradschaft” GB
02. ATARAXIA – “Almourol” IT
03. ORDO EQUILIBRIO – “Where Happiness Ruled” SUE
04. SOL INVICTUS – “To Kill All Kings” GB
05. SIEBEN – “Transmission” GB
06. JO QUAIL – “Prelude” GB
07. STELLAMARA – “Maris” USA
08. ROME“Wir Moorsoldaten” LUX
09. ROME“Swords To Rust – Heart To Dust” LUX
10. ROME“Little Rebel Mine” LUX
11. CLAN OF XYMOX – “Masquerade” NED
12. CLAN OF XYMOX – “My Reality” NED
13. SUICIDE COMMANDO – “Attention Whore” BEL
14. DOWN IN JUNE – “Kameradschaft” SUE

2.ª Hora  
01. DERNIÈRE VOLONTÉ – “J’Oublie Que Tu Existe” FR
02. DERNIÈRE VOLONTÉ – “Ne Te Retourne Pas” FR
03. DAEMONIA NYMPHE – “Dios Astrapaiou” GRE
04. DAEMONIA NYMPHE – “Oceano” GRE
05. OF THE WAND AND THE MOON – “Lost In Emptness” DIN
06. OF THE WAND AND THE MOON – “Silver Rain” DIN
07. OF THE WAND AND THE MOON – “Tear It Apart” DIN
08. THE BEAUTY OF GEMINA – “Voices of Winter” SUI   
09. THE BEAUTY OF GEMINA – “Last Night Home” SUI
10. VNV NATION – “Ilusion” GB
11. VNV NATION – “Gratitude” GB
12. BROTO VERBO – “Alcova em Brasa” PT
13. HORUS CHAMBER – “Kameradschaft” PT
Matt Howden (SIEBEN) @ Entremuralhas 2011

SOL INVICTUS @ Entremuralhas 2011
(Photos by Angelo Fernandes)

  

Café Europa apresenta: Festival ENTREMURALHAS 2012

ENTREMURALHAS é um festival eclético e criterioso que tem lugar no majestoso e histórico Castelo de Leiria – monumento nacional com traços arquitetónicos medievais e góticos. Este certame cultural é organizado pela FADE IN – Associação de Acção Cultural, e é a extensão de verão do FADEINFESTIVAL – evento de música diferenciada que decorre na cidade de Leiria ininterruptamente desde 2001.
Das Ich, Deine Lakaien, Combichrist, In The Nursery, And Also The Trees, Woven Hand, Jarboe, Sieben, Von Magnet, Michael Gira, Qntal, God Is An Astronaut, The Eternal Afflict, Warren Suicide, Sol Invictus, Rosa Crvx, Laibach, Ataraxia, Baby Dee, Collection D’arnell Andrea, Little Annie, Ordo Rosarius Equilibrio, Covenant, Project Pitchfork, Ashram, Spiritual Front, Arcana, Narsilion, Trobar de Morte, Die Form, Diamanda Galás ou Nitzer Ebb foram alguns dos nomes, entre muitos outros, que actuaram em Leiria devido à paixão, esforço e profissionalismo dos membros voluntários não remunerados da FADE IN. Naturalmente, nem todos estes nomes actuaram exclusivamente no festival ou necessariamente em Leiria, uma vez que a FADE IN estende a sua atividade um pouco por todo o país.
O ENTREMURALHAS 2012 acontece a 25 e 26 de Agosto. Dez bandas internacionais de culto actuarão em três palcos localizados em vários locais do Castelo: o PALCO IGREJA DA PENA, o PALCO ALMA e o PALCO CORPO receberão as actuações de JO QUAIL (GB), STELLAMARA (EUA), ROME (LUX), CLAN OF XYMOX (HOL) e SUICIDE COMMANDO (BEL), no primeiro dia, e DERNIÈRE VOLONTÉ (FR), DAEMONIA NYMPHE (GRE), OF THE WAND AND THE MOON (DIN), THE BEAUTY OF GEMINA (SUI) e VNV NATION (GB) no segundo dia.
A programação do evento é complementada com conferências, desfile de moda, instalação vídeo, projecção de filmes, exposição de escultura e pintura, comércio alternativo, e com festas com alguns dos melhores DJ’s da cena alternativa portuguesa.
Passemos rapidamente as bandas em revista, dando voz e som a algumas delas:
Anunciados para o ENTREMURALHAS 2011, os SUICIDE COMMANDO viriam a cancelar o concerto em cima da hora devido a um súbito problema de saúde do seu vocalista e mentor, Johan Van Roy. Um imponderável que deixou todos os fãs ainda com mais vontade de assistir, finalmente, à estreia desta banda mítica em Portugal. Fundados na Bélgica, em 1986 os SUICIDE COMMANDO são hoje uma das mais importantes bandas electro-industriais do planeta. As suas temáticas líricas são controversas e por vezes susceptíveis de grande polémica e comoção e a sua música, se não fosse repleta de vozes distorcidas, de sequências electrónicas abrasivas, e de batidas sincopadas fortes e avassaladoras, não estaria em conformidade. Como se diz, “Música para se dançar como se não houvesse amanhã”, ou mesmo depois de amanhã.
Quanto aos holandeses CLAN OF XYMOX, está-se perante de um clássico do “rockgótico”, já com algumas presenças no nosso país. Esta era uma das últimas grandes bandas da cena darkwave que faltava no currículo da FADE IN. O mítico grupo formou-se em 1983 e foi, a par dos Dead Can Dance, Cocteau Twins ou Bauhaus, uma das bandas-imagem da incontornável editora 4AD. A sua música de cariz electrónica e maioritariamente dançável, tem na voz do mentor e fundador Ronny Moorings uma das suas marcas identificativas. De resto, o que se espera no Castelo de Leiria é que a banda debite, perante a quantidade de fãs que possui no país, grande parte dos seus inúmeros hits, obscuramente psicadélicos e envolventes.
Os ROME são uma das bandas mais esperadas em Portugal há anos. Capitaneados por Jérôme Reuter, baseiam a sua obra na autodenominada “poesia da saudade” – uma apologia às memórias históricas numa constante homenagem aos grandes episódios do passado. Tudo envolto em composições híbridas de neofolk e pop-noir pontificadas por assumidas influências de Léo Ferré, Nick Cave e Jacques Brel.
Nas letras ultra cuidadas podemos descortinar referências que vão de Marcel Proust a Jean-Paul Sartre, de Jean Genet a Albert Camus. A trabalhosa trilogia Die Æsthetik Der Herrschaftsfreiheit e alguns dos clássicos dos álbuns anteriores serão revisitadas num concerto que, no mínimo, se espera intenso e mágico. Serão também uma das três bandas escolhidas pelo Café Europa para uma decerto interessante conversa.
Fundados nos Estados Unidos pela vocalista Sonja Drakulich (que tem raízes serbo-hungaras) e pelo multi-instrumentista Gari Hegedus, os californianos STELLAMARA vêm pela primeira vez a Portugal para um concerto exclusivo no ENTREMURALHAS 2012. A sua música, extraordinariamente evocativa, é fortemente influenciada pelas culturas e tradições arábicas, turcas, balcânicas e persas. Mas este ensemble mágico, que inclui também o violoncelista Rufus Cappadocia, o clarinetista Peter Jaques, e o percussionista Faisal Zedan, consegue ainda retratar os campos edílicos da fantasia e das fábulas místicas que reinavam o imaginário da Europa medieval. Esta será, sem dúvida, uma das surpresas reservadas para este ano! Um concerto a não perder de vista nos dois dias do ENTREMURALHAS.
 

JO QUAIL é o diminutivo de Joanna Quail dos Son(Ver) – uma violoncelista com créditos firmados, que já colaborou com nomes tão díspares como Digitone, Rose MacDowall ou Naevus. Munida de um violoncelo altamente personalizado e de uma série de pedais, Jo Quail vai construindo camadas sonoras utilizando apenas os sons que capta do seu instrumento. A música daí resultante revela-se numa mescla experimental ambiental fílmica, propícia à imaginação cinematográfica de cada espectador. Jo Quail tem actuado nalguns dos mais importantes festivais da Europa, como o WaveGothikTreffen de Leipzig vindo agora pela primeira vez a Portugal para “assombrar” todos os que presenciarem a sua actuação nas majestosas ruínas da Igreja da Pena.
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Os suíços THE BEAUTY OF GEMINA são uma das mais conhecidas bandas helvéticas e a sua popularidade tem crescido vertiginosamente em toda a Europa devido à qualidade dos seus quatro álbuns, o último dos quais com edição de 2012: Iscariot Blues. Alheio também não será o facto de já terem dividido o palco com bandas como Smashing Pumpkins, Unheilig ou Porcupine Tree. A sua música, onde se destaca a voz de Michael Sele, evoca universos que vão dos Sisters Of Mercy aos The Cure, dos Psychedelic Furs aos Editors, dos Clan Of Xymox aos Depeche Mode, em que as suas canções impressionam pela facilidade com que captam a atenção do ouvinte.
Os OF THE WAND AND THE MOON (OTWATM) são uma das bandas mais fascinantes da actualidade e já agora dos clássicos do darkfolk. Fundados pelo dinamarquês Kim Larsen em 1998, sempre revelaram fortes influências dos Death In June. A sua música, nostálgica, melancólica, versada em temáticas pagãs e envolta em simbologia rúnica, deu origem a alguns dos mais admiráveis álbuns da última década, sendo Lone Descent, editado em Setembro passado, um dos seus expoentes máximos, que são quase todos os outros álbuns anteriores. Não será a 1ª vez que os veremos nem a primeira em que tentaremos registar até ao fim e para a posteridade uma conversa com Kim Larsen. A ver vamos…
Os gregos DAEMONIA NYMPHE, estreiam-se em Portugal com a sua música evocativa, mitológica e milenar. Os seus discos, com selo da reputada editora francesa Prikosnovenie, são verdadeiros compêndios de música da Grécia Antiga, onde são utilizados instrumentos ancestrais, exclusivamente manufacturados para a banda pelo britânico Nicholas Brass. Desse espólio personalizado fazem parte a Lira, o Barbitos (instrumento de cordas), a Flauta Dupla, e o Krotala (espécie de castanholas). As letras do colectivo baseiam-se em rituais de celebração e hinos órficos e homéricos, onde também se descortinam poemas de Safo para Zeus e Hécate. Um concerto, portanto, que se espera místico e cheio de simbologia. A não perder.
Os DERNIÈRE VOLONTÉ, praticamente alter-ego do francês Geoffroy Delacroix, são o mais refinado e evoluído exemplo contemporâneo de pop militarista. As suas canções, construídas sob bases electrónicas de reminiscência minimalista, pontificada por variações melódicas neoclássicas, e acompanhadas por rufares de tarolas no compasso de marcha, fazem dos DERNIÈRE VOLONTÉ um espécime único no contexto musical europeu. Se a tudo isto juntarmos uma componente poética de perfeita estirpe que dá origem a refrãos que nos ficam na cabeça, concluímos que estamos perante um projecto de elevado condão artístico. Geoffroy Delacroix será acompanhado ao vivo pelo percussionista Andy Julia, famoso fotógrafo francês e nada mais nada menos que o vocalista dos emergentes Soror Dolorosa.
Os britânicos VNV NATION são, provavelmente, a mais famosa e aclamada banda de pop futurístico do mundo. Formaram-se em Londres em 1990 e um ano depois já faziam, no Canadá, as primeiras partes dos incansáveis decanos da EBM: Nitzer Ebb. Desde então, a carreira da dupla Ronan Harris e Mark Jackson (aos quais se juntam mais dois músicos ao vivo) não mais parou de crescer. A sua música, onde se incluem elementos do rock, da música clássica, do indie, do EBM e do electro, já deu origem a oito álbuns, onde podemos encontrar uma quantidade espantosa de temas que fazem as delícias das pistas de dança mais arrojadas do planeta. O ENTREMURALHAS 2012 encerrará, certamente, num ambiente de grande energia e festa!
Com todos estes ingredientes fascinantes e, mesmo mantendo em mente que apenas pouco mais de setecentas pessoas poderão lá estar em cada uma das duas noites, é quase moralmente forçoso em nome da boa música moderna, aliciar os bons ouvidos para uma visita ao mui belíssimo e votivamente eterno Castelo de Leiria nos próximos dias 25 e 26 - depois da desolação dos Jogos Olímpicos, depois da pobreza franciscana da maioria dos arraiais por esse povoado afora, será esta mesmo a vossa última chance de tornar o verão de 2012 memorável por uma só razão que chega e sobra, pelas outras todas.
Devido às extraordinárias condições morfológicas do terreno, à complexa logística do evento, e por forma a respeitar solenemente a secular herança da envolvente histórica, patrimonial e natural onde decorrem as várias actividades do festival, o acesso ao ENTREMURALHAS é limitado a 737 pessoas por dia.
Abertura das Portas do ENTREMURALHAS: 16h00
Venda antecipada dos bilhetes:Teatro José Lúcio da Silva – www.teatrojlsilva.pt
Preço: 1 dia € 30 | 2 dias € 50
Telefone: 910 255 776

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Café Europa: Emissão #34, de 06 de Agosto de 2012

1.ª Hora
01.
SANGRE CAVALLUM – “Chamamos Os Teus Lobos” PT
02.SANGRE CAVALLUM – “Matanças e Vinho Novo” PT
03.SEDAYNE & RAPUNZEL – “Winter: Werewolf” GB
04.BIRCH BOOK – “Werewolf’s Eyes” USA
05.FURSAXA – “The Wolf Month” USA
06.HEXVESSEL – “Vainolainen” FIN
07.ELIWAGAR – “Tusen Løv I Høstvind” NOR
08.ELIWAGAR – “Mellom Fjord og Fjell” NOR
09.ELIWAGAR – “Nornene Som Vever Nordafolksagn” NOR
10.ELIWAGAR – “Fjellfruen” NOR
11.ELIWAGAR – “Rimnatt” NOR
12.ELIWAGAR – “Når Havet Hvisker langt Fra Nord” NOR
13.ALLERSEELEN – “Wir Rufen Deine Wolfe” AUT
14.Ô PARADIS – “Wir Rufen Deine Wolfe” ESP
15.KISS THE ANUS OF A BLACK CAT (KTAOABC) – “Waltz for Wolves” BEL
16.FAUN FABLES – “A Fearful Name” USA

2.ª Hora
01.GAË BOLG AND THE CURCH OF FAND – “Magic And Ecstasy” FR
02.OF THE WAND AND THE MOON – “I Crave For You” DIN
03.FORSETI – “Eismahd” GER
04.ELIWAGAR – “Høsten I Bakken På Fjellet” NOR
05.ELIWAGAR –
“Runer Om Forntid og Minner” NOR
06.ELIWAGAR –
“Huldra og Hardingfela” NOR
07.ELIWAGAR –
“Rittet Til Nordariket” NOR
08.ELIWAGAR –
“Vestenfjeldske Melankoli” NOR
09.VIE SINÄ LEENA –
“Kunnes Pyöreä Kuu” FIN
10.KORP –
“Varulven (Visa Frän Västergötland) SUE
11.ULVENS DÖTTRAR –
“Varulvens Tid” FIN
12.TONDURAKAR –
“Visa Om Karolinen Anders Gräben” SUE
13.HEDNINGARNA –
“Varulnsläten” SUE
14.RIHARC SMILES –
“Wir Rufen Deine Wolfe” AUT
Hedningarna
(Photo by Angelo Fernandes)

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Café Europa Apresenta:ELIWAGAR "Sagn Fra Nordafolkets Land"

ELIWAGAR
Sagn Fra Nordafolkets Land
Nordafolk Records, NF001, 2011
CD, Album, Limited Edition, A5 Digipak - Norway

Acima do nevoeiro e do mar furioso, bem longe, lá a Norte, fica uma terra entre fiordes e montanhas, onde o sábio espírito dos ancestrais nórdicos ainda vagueiam por entre as profundezas das florestas…
 A história deste disco poderia bem começar assim, tão próximo está o duo folk norueguês Eliwagar de todo o acervo lendário daquelas paragens. Para alguns é já uma imagem gasta, após mais de vinte anos de black metal norueguês, com todas as suas tenebrosas lendas de feiticeiras vivendo em cabanas à beira dos fiordes. Bom, neste caso, é importante que o ouvinte se concentre na música e esqueça por momentos a forte componente visual em que os Eliwagar apostam (ancestral, fortemente tradicional). Aliás, é bem mais interessante esse percurso inverso, dado que as onze canções que interpretam em menos de quarenta minutos, falam por si, são extremamente visuais e apaziguadoras dos sentidos.
A folk milenar dos Eliwagar incorpora dos momentos de maior frescura e brilho recentemente saídos das paragens escandinavas. “Sagn Fra Nordafolkets Land” é já o quinto registo dos Eliwagar, se nesta conta incluirmos a K7 de 2007 “Crépuscule d’une âme paienne”, à qual seguiram os cd’s “Memories of the Warrior’s Will”, “And the ancestral pagan flame shall never fade” e depois os álbuns com títulos em Norueguês, “Fjellfolk Saga fra Forntiden” e este “Sagn Fra Nordafolkets Land”.
Numa velha quinta nessa ancestral terra vivem Runahild Fyorgynsdottir e Bjorn Nord, tocando e cantando folk musica nórdica a que eles chama, com toda a razão, romântica, em honra dos velhos contos populares e do folclore naturalista, saudando os seus pais ancestrais com as suas canções que ressoarão nos profundos vales e subirão até aos céus eternos da Noruega, para que essa ancestral herança nórdica nunca desvaneça…
Qual é o segredo musical dos Eliwagar? Quase nenhum. Apenas a voz fresca de Runahild, ora em solo ora com harmonias criadas, uma guitarra acústica de doze cordas, alguma suave percussão local, e o seu trunfo principal, o Hardingfele, uma rabeca secular norueguesa de oito cordas – às vezes nove – instrumento de que ainda resistem exemplares do século XVIII, e que funciona de forma diferente do violino comum. As cordas são mais finas e metade delas são apenas para a ressonância das notas marcadas nas restantes quatro; para além disso, o Hardingfele possui uma ponte mais baixa, permitindo ao executante maior variedade de acordes e facilidade na amplitude tonal. O resultado final, neste caso, é o equivalente a uma viagem relâmpago no tempo até às sonoridades ancestrais da Noruega e da sua folk mais tradicional.
Para se libertarem de pressões, Runahild e Bjorn criaram o seu próprio selo, Nordafolk Records, com o fito de unicamente divulgar música nórdica, com um espírito profundamente alicerçado na natureza do Norte e com um amor genuíno à herança cultural e ao seu folclore; de momento ainda não há outros projectos assinados, mas assim pode acontecer no futuro.
Para falar verdade, e pelo mise en scène que as capas dos discos de Eliwagar deixam transparecer, existe mesmo uma vontade de ferro em não deixar escapar nada da tradição nórdica, desde as vestes, ao cenário natural grandioso em fundo. Também a força e alma com que os temas são interpretados deixam adivinhar um forte empenho numa resistência tranquila contra o fenómeno da globalização. A globalização que por si, não é boa nem má, apenas é mau o uso que fazemos dela, sobretudo se em função do modo de viver e pensar em megalópolis como Nova Iorque ou Tóquio, passarmos a esquecer quem somos, a nossa identidade ancestral. Acontece aqui, acontece aqui ao lado, acontece lá em cima. Todos estamos a ser arrastados para um buraco negro civilizacional e, em nome de coisas como o “politicamente correto”, estamos a deixar-nos colonizar culturalmente por invasões sucessivas de poderios alheios que extinguem aquilo que em tempos já fomos. Daí que o fenómeno de recuperação do ancestral seja muito mais que um movimento retrógrado, ou muito mais do que aquilo que mentes entorpecidas julgam ver nas suas manifestações culturais e folclóricas. Se o olharmos de frente, poderemos não só mirar o passado, como talvez o futuro. Estas palavras são válidas para cada nação europeia, do atlântico Portugal à mediterrânica Grécia, da montanhosa Confederação Helvética à abismal e verde Noruega.
Escreve Runahild na página oficial dos Eliwagar:
“No topo do monte sente-se o odor do fumo da madeira de bétula a arder, que vem das chaminés das nossas casas de madeira, um cheiro familiar para nós, vivendo nas montanhas da costa oeste, rodeadas de densas florestas”.
E mais à frente:
“Agora é tempo de descansar, nesta velha quinta. Cortar lenha de bétula para o ano que vem, dar de comer aos animais, limpar os campos circundantes para a Primavera que se avizinha e passar os serões à lareira, a tocar música e a saborear bom vinho e cerveja da nossa produção, enquanto o gelo lá fora abraça a Natureza. Skadi, a robusta beleza do Inverno, e Ullr o deus caçador, deixaram os seus altos domínios de montanha e desceram ao vale, esquiando por entre as bétulas e, cantando com o vento forte, trazem-nos paz aqui na quinta.”

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Café Europa: Emissão #33, de 30 de Julho de 2012

1.ª Hora   
01.JOY DIVISION “Decades”  GB  
02.KREUZWEG OST “Thy Will Be Done” AUT 
03.NATURAL SNOW BUILDINGS “Spells” FR   
04.AGNIVOLOK “The Golden Skull” RUS
05.STORMFAGEL “Reach For The Sun” SUE
06.HOROLOGIUM “The Immoralist Creed” POL
07.SUVERÄNA “Tagen” ESP
08.VOX POPULI! “Herrvoragande” FR
09.ALQUIMIA “Danza De Xilonem” MEX
10.BAIN WOLFKIND “Tri-State Blues” AUT
11.AIT! “Il Mondo E Morto (Trent’anni Fa)” IT

2.ª Hora  
01.CLAIR OBSCUR “Decades” FR
02.NAEVUS “Idiots (let me in)” GB
03.BADAWI “Waves Of Conflict” USA/PAL
04.JOY OF LIFE “Hear The Children” GB
05.COMMANDO SUZIE “Glamour Y Background” ESP
06.VAL DENHAM & Ô PARADIS “You’re Not My Type” GB+ESP
07.DERNIÈRE VOLONTÉ “La Sentence Est La Même” FR
08.HEKATE “Ocean Blue” GER
09.ARCANA “As The End Draws Near” SUE
10.L’EFFECT C’EST MOI “Memoria, In Terris” IT
11.STURMPERCHT “Der Knabe Im Moor” AUT
12.PAZUZU “And All Was Silent” AUT
13.THE OWL SERVICE “The Two Magicians” GB
14.BLOOD AXIS “Exvocatio” USA
15.STRIIDER “Beelitz Heilsatten Sanatorium” NED
Blood Axis
(Photo by Ângelo Fernandes)