segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Café Europa Apresenta: Festival Entremuralhas 2013



Uma vez mais o Café Europa estará presente e recomenda a todos o melhor Festival de Música em Terras Lusas.
Entre 23 e 25 de Agosto a Associação Cultural Fadein realiza a quarta edição do Festival Gótico Entremuralhas 2013, distribuido, este ano, entre o Teatro José Lúcio da Silva e o Castelo de Leiria.  
O Cartaz desta edição é altamente recomendável:

 DEINE LAKAIEN – Formados em Munique, em 1985, pelo macedónio Alexander Veljanov e pelo multi-instrumentista germânico, de escola clássica, Ernst Horn, os Deine Lakaien tornaram-se numa das maiores referências mundiais da chamada darkwave, embora a sua música tenha, há muito, atravessado as fronteiras desse estilo musical que, maioritariamente, junta a melancolia inerente à música de toada gótica com a sofisticação romântica da electrónica característica da new wave. Dez anos depois de se ter apresentado ao vivo no FADEINFESTIVAL 2003 a dupla regressa a Leiria, de novo para um concerto exclusivo, de data única em Portugal, e em formato acústico, onde alguns dos seus temas mais emblemáticos serão interpretados com recurso à voz e a um piano de cauda preparado. Solene, mágico e imperdível!

DER BLAUE REITER – Sathorys Elenorth e Lady Nott, os mentores de Der Blaue Reiter, regressam ao Castelo de Leiria onde, por ocasião do Entremuralhas 2011, actuaram com o seu projecto de reminiscências medievais, Narsilion. Nesse memorável concerto foram acompanhados por músicos dos britânicos Sol Invictus e dos suecos Arcana. De resto, estes catalães são conhecidos por colaborarem ao vivo com o colectivo escandinavo e, no Entremuralhas 2011, os Arcana contaram, precisamente, com as suas presenças em palco. No projecto Der Blaue Reiter, Sathorys e Lady Nott enveredam por uma toada musical mais sombria e intensa, criando estruturas sonoras pós-industriais recorrendo ao uso de instrumentos clássicos e ritmos maioritariamente marciais. Música fílmica com forte evocação histórica num cenário que não poderia ser outro…

LEBANON HANOVER – Os Lebanon Hanover estreiam-se ao vivo em Portugal e logo num cenário tão idílico como são as ruínas da Igreja da Pena, bem no centro do Castelo de Leiria. As seculares paredes que vão acolher a sua prestação contrastam grandemente com a jovialidade de Larissa Iceglass e do andrógino William Maybelline – a dupla que incorpora este projecto com sede dividida entre Newcastle e Berlim. Os Lebanon Hanover são um dos nomes fortes do revivalismo post-punk, nas suas vertentes minimal wave / coldwave e, à conta disso, têm viajado pelo mundo mostrando que, muitas vezes, “menos é mais”. As suas músicas são alicerçadas em estruturas simples mas eficazes, onde um baixo marcante e duas vozes gélidas distintas dão corpo a histórias com forte teor misantrópico. Primeiro estranha-se depois entranha-se.


TRIORE – Triore é uma banda que resulta entre a colaboração dos germânicos Triarii e os suecos Ordo Rosarius Equilibrio. A sua vinda a Portugal será um dos raríssimos momentos em que o projecto se apresenta ao vivo. O desafio lançado pela FADE IN foi aceite talvez porque Tomas Pettersson já conhece o cenário que o vai albergar: o Palco Alma foi o local de acolhimento dos Ordo Rosarius Equilibrio no Entremuralhas 2010. O universo musical dos Triore é pautado por estruturas de evocação bélica e toada militarista (características que Christian Erdmann dos Triarii incute no seio desta aventura) nunca descurando, porém, o formato de canção, com a voz do líder dos Ordo Rosarius Equilibrio a conferir um cunho “pop” e com as guitarras acústicas a sublinharem a vertente neofolk desta surpreendente “joint-venture” artística.


SPIRITUAL FRONT – Depois de um espantoso concerto no FADEINFESTIVAL 2006, em que dividiram o palco com Owen Pallet (então violinista dos Arcade Fire) os italianos Spiritual Front voltam a Leiria para, desta feita, destilarem a sua máfia-folk na sombra da Torre de Menagem do Castelo de Leiria, em pleno Palco Alma do Entremuralhas 2013. Este regresso era mais que um imperativo que se impunha, pois este é um festival que exige a nata das natas e bandas de incomum cartel, ou não fosse este colectivo liderado por Simone “Hellvis” Salvatore, o único no mundo a fazer música pop niilista suicida, com fortes nuances fílmicas do imaginário característico do spaghetti western onde Ennio Morricone deu cartas. Confusos? Simplifiquemos então: música com muita categoria, estilo, personalidade, classe, e uma boa dose de provocação. Um must!


MERCIFUL NUNS – Os germânicos Merciful Nuns são a mais recente encarnação de Artaud Seth, a mística figura que nos anos 90 comandou os The Garden Of Delight. Os Merciful Nuns destacam-se, sobretudo, pela secção rítmica do seu goth rock purista, fumarento e musculado, cheio de vielas obscuras, onde uma voz grave e teatralizada nos guia ante um universo povoado de ocultismo, espiritualidade, e referências a culturas tão ancestrais como a da idade do megalítico. Toda a tipologia por eles criada e usada, onde se incluem misteriosos símbolos e sinais, concede aos Merciful Nuns uma cartografia estética incomum e um espaço delimitado só seu, que lhes proporciona um culto muito próprio e devoto. A edição de sete álbuns em apenas dois anos mostra bem a avidez criativa de Artaud e seus pares. Rock gótico mais gótico não há!


NACHTMAHR – Os austríacos Nachtmahr são liderados por Thomas Reiner (ex-Siechtum e também líder dos L’âme Immortelle). Quando em 2007 os Nachtmahr editaram o EP “Kunst Ist Krieg” (Arte é Guerra) tornaram-se rapidamente populares nalgumas das pistas de dança mais arrojadas da europa central. Nesse mesmo ano foram recrutados para a banda sonora do blockbuster americano Saw IV, ao lado de outros nomes gigantes, como Nitzer Ebb (que estiveram entre nós no Entremuralhas 2011), Skinny Puppy, ou Ministry. A imagética da banda, maioritariamente militarista e sexual, dá corpo a alguns dos temas mais dançáveis e potentes da actualidade, por isso, não será de estranhar que a banda escolha para a sua prestação no Castelo de Leiria alguns dos hits mais emblemáticos que pautam os quatro álbuns que editaram até à data.


ROMA AMOR – Os italianos Roma Amor são um verdadeiro tesouro que o Entremuralhas faz questão de revelar. A sua música, de uma beleza e simplicidade tocantes, deveria estar acessível a todos porque é para todos. Não, não é mainstream, nem tão pouco se rege pelas fórmulas de sucesso imediato, mas estamos certos de que a perfeição que encerra conquista qualquer ouvinte, por muito duro de ouvido que seja. Euski (voz – e que sedutora voz! – guitarra e teclas) e Michele Candela (baixo, castanholas e acordeão) são autores de pequenas obras de arte, canções de fino recorte, que nos encantam com histórias de amor, de saudade, de despedidas, de sensualidade, da Paris dos anos 40 e da “vecchia” Itália, de Ravenna (de onde são oriundos) a Nápoles. Ouçam, por exemplo, “Occhi Neri” e digam-nos lá se ficam indiferentes… Impossível!


DIE SELEKTION – Os germânicos Die Selektion são um trio constituído por Hannes Rief (trompete, coros e glockenspiel), Max Rieger (sintetizadores, sequenciadores e segundas vozes) e por Luca Gillian (voz e sintetizadores). A sua música, maioritariamente dançável, caracteriza-se por sequências electrónicas frias mas apelativas, sons analógicos incisivos, um trompete dinâmico que nos envolve de forma certeira (como nos velhos tempos dos The Klinik), e uma voz muito característica, cujo trejeito nos remete, às vezes, para Xmal Deutschland. Os Die Selektion são um dos nomes fortes da nova vaga de grupos revivalistas da música minimal new wave, género que, há cerca de 30 anos, ditava as regras de uma certa vanguarda que desbravava os novos caminhos da pop mais electrónica. A Igreja da Pena vai, desta vez, transformar-se na pista de dança mais secular da Europa!


NAEVUS – Formados em 1998, os britânicos Naevus têm vindo a construir uma discreta mas sólida carreira que se materializou, para já, em sete estupendos álbuns e uns quantos fantásticos EPs. O motor criativo deste grupo de excelentes músicos, onde habitualmente colaboram Matt “Sieben” Howden, Rose Mcdowall (Current 93, Coil, Psychic Tv) ou Jo Quail (que brilhou no Entremuralhas 2012) chama-se Lloyd James e é um compositor bem acima da média. O universo dos Naevus deambula entre o neofolk com reminiscências de uns Death In June dos anos 80 e a estética de canções experimentada pelo Swans nos anos 90. Nesse intervalo estético juntemos ainda os resquícios post-punk de uns Wire e o rock fumarento dos seminais Bad Seeds de Nick Cave e encontramos o território destes magníficos Naevus. Uma categoria!

QNTAL – Os germânicos Qntal são a mais histórica e influente banda de música medieval electrónica da velha Europa. Fundados em 1991 por Michael Popp e por Ernst Horn (Deine Lakaien, Helium Vola) os Qntal têm na voz de Syrah (que canta maioritariamente em latim) a sua “imagem de marca”. Em 1999 Horn decidiu concentrar-se nas suas outras bandas, entrando para o seu lugar Philipp Groth. Em 2008 a cantora e violinista Sarah M. Newman (Mariko) deixou os nova-iorquinos Unto Ashes e juntou-se ao grupo. Oito anos depois de terem actuado no FADEINFESTIVAL 2005 os Qntal regressam ao nosso país, de novo em exclusivo à cidade do Lis, mas desta feita para se apresentarem num palco de sonho, que parece ter sido estrategicamente criado para os acolher. Será, no mínimo, magistral!

SOROR DOLOROSA – Liderados pelo reputado fotógrafo francês Andy Julia (voz e teclas), que foi um dos protagonistas do Entremuralhas 2012 – então na condição de percussionista no memorável concerto de Dernière Volonté – os Soror Dolorosa são uma das melhores e mais coesas bandas da coldwave europeia e o seu line up completa-se com Hervé Carles (baixo), Franck Ligabue (bateria) e Nicolas Mons (guitarras). Na bagagem trazem o seu mais recente álbum “No More Heroes”, um disco alicerçado nas assumidas influências de Bauhaus e de The Cure, mas erigido numa linguagem estética que lhes confere personalidade e identidade. A banda, que esteve em digressões com nomes como Alcest, Les Discrets, Heirs ou A Dead Forest Index, vai impressionar pela sua componente técnica e envolvente melódica. Sombria mas sexy.

KAP BAMBINO – Formados em 2001 por Orion Bouvier e Caroline Martial, os franceses Kap Bambino são famosos pelas suas poderosas e “selváticas” prestações ao vivo. A fama foi mundialmente granjeada devido à esquizofrenia espasmódica alucinante que Caroline Martial destila em palco, “incendiando” e provocando autênticos “riots” nas plateias. A música dos Kap Bambino desafia convenções e etiquetas. É electrónica mas apresenta uma toada bipolar, às vezes de âmago pop, outras vezes abrasivamente noise e punk com ritmos incisivos, sequências venenosas, e mensagens fortes. A descarga decibélica da banda, aparentemente fora de controlo, não a impede, porém, de ter alguns dos temas mais tremendos e corrosivos das actuais pistas de dança. E ao vivo, são uma experiência de características inigualáveis. Quem se atreve?

Sem comentários:

Enviar um comentário