quinta-feira, 28 de março de 2013

Café Europa: Emissão #64, de 25 de Março de 2013

1.ª Hora
01. SORROW – ”A Gardland From The Moon” (GB)
02. SPELL- "Season In The Sun" (GB)
03. BOYD RICE AND FRIENDS - "People Change" (GB)
04. THOMAS NÖLA & SON ORCHESTRE (feat. DOUGLAS P.) - "Opening Waltz" (USA)
05. DEATH IN JUNE - "Peaceful Snow (totenpop version)" (GB)
06. LOVAC - "Pull The Trigger" (SWE)
07. CALLE DELLA MORTE - "De Profundis" (IT)
08. CALLE DELLA MORTE - "Metá Settembre" (IT)
09. CAMERATA MEDIOLANENSE - "Lili Marlene" (IT)
10. IANVA "L’Anarca" (IT)
11. NOVÝ SVET - "Titan" (AUT)
12. ARCANA - “Infinity” (SWE)
13. MANI DEUM - “Velvet Stomach Spasms” (GRE)

 2.ª Hora
01. ORDO ROSARIUS EQUILIBRIO – “First Death (every man is a moth to the flame)” (SWE)
02. KING DUDE - "Lord, I’m Comming Home" (USA)
03. CULT OF YOUTH- "Prince Of Peace" (USA)
04. NAEVUS - "Making Hay" (GB)
05. LEGER DES HEILS - "Solitude" (GER)
06. LEIDUNGR - "Urnord" (SWE)
07. STORMFÄGEL - "O Tysla Ens Im Het" (SWE)
08. SOLBLOT - "Barrikadsang" (SWE)
09. OF THE WAND AND THE MOON - "A Cancer Called Love" (DIN)
10. STRYDWOLF - "Night Cometh On!" (NED)
11. DIN BRAD - "Doină" (ROM)
12. HEXENTANZ - “Abjuring the Cross” (USA)
13. BLOOD AXIS - “Mandragora” (USA)
 
OF THE WAND AND THE MOON
photo by A.F.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Café Europa: Emissão #63, de 18 de Março de 2013

1.ª Hora
01. DEATH IN JUNE - "Giddy Giddy Carousel" (GB)
02. LEGER DES HEILS - "Peaceful Hours" (GER)
03. JAHRTAL - "Das Hallende Grün" (AUT)
04. SHIRLEY COLLINS - "The Cruel Mother" (GB)
05. SHARRON KRAUS - "Green Man" (GB)
06. VASHTI BUNYAN - "Turning Backs" (GB)
07. LITTLE ANNIE & BABY DEE - "State of Grace" (USA)
08. LARSEN - "Unheard Of Hope (vocals by Little Annie; piano by Baby Dee)" (IT/USA)
09. MYRNINEREST - "The Dog Is Unwell" (GB)
10. MICHAEL CASHMORE - "Your Eyes Closed (vocals by Antony)" (GB)
11. ORDO EQUITUM SOLIS - "Playing With The Fire" (FR/IT)
12. LUX INTERNA - "Horizon" (USA)
13. KLAMMHEIM - "Des Mörders Eiche" (AUT)
14. THE JOY OF NATURE - "Na Terra" (PT)

2.ª Hora 
01. THE PARTISAN SEED - "Giddy Giddy Carousel" (PT)
02. THE PARTISAN SEED - "Morning Star" (PT)
03. LA CHANSON NOIRE - "Horrorscope" (PT)
04. LA CHANSON NOIRE - "Bordel de Lucifer" (PT)
05. THE FLEETING NATURE OF BEAUTY - "A Perfect Body, Weeping" (PT)
06. ORDO FUNEBRIS - "The Last Knight Errant" (ESP)
07. Ô PARADIS - "El Corazon Abragado" (ESP)
08. SANGRE DE MUERDAGO - "Adeus Meus Amigos" (GAL-ESP)
09. LEIDUNGR - "De Nio Kraftsångerna" (SWE)
10. KAZERIA - "Lux Et Nocte Sanguinem" (ARG)
11. DAVID E. WILLIAMS - "Hello Colombus (520 th Anniversary version, 2012)" (USA)
12. ORDO ROSARIUS EQUILIBRIO - "First Death (Every Man Is A Moth To the Flame)" (SWE)
The Partisan Seed
Photo by A.F.


quinta-feira, 14 de março de 2013

Café Europa: Emissão #62, de 11 de Março de 2013

1.ª Hora
01. BACKWORLD – ”The Angels Of Ashes” (GB)
02. ROSE MCDOWALL - "Make It Easy On Yourself" (GB)
03. SCOTT WALKER - "Blue Bell" (USA/GB)
04. WALKER BROTHERS- "The Electrician" (USA)
05. SCOTT WALKER - "'See You Don't Bump His Head'" (USA/GB)
06. SCOTT WALKER - "Corps De Blah“ (USA/GB)
07. SCOTT WALKER - " Phrasing “ (USA/GB)
08. FLAK & XANA - "Rosemay “ (PT)
09. JP SIMÕES & SÉRGIO COSTA - "Rosemary“ (PT)
10. SCOTT WALKER - "SDSS1416+13B (Zercon, A Flagpole Sitter)“ (USA/GB)

2.ª Hora
01. SCOTT WALKER - "Amsterdam (USA/GB)
02. SCOTT WALKER - "Plastic Palace People “ (USA/GB)
03. SCOTT WALKER - "Copenhagen (USA/GB)
04. SCOTT WALKER - "Epizootics! (USA/GB)
05. SCOTT WALKER - "Dimple (USA/GB)
06. SCOTT WALKER - "Tar (USA/GB)
07. SCOTT WALKER - "Pilgrim (USA/GB)
08. SCOTT WALKER - "The Day The "Conducator" Died (USA/GB)
09. SCOTT WALKER - "Farmer In The City (USA/GB)
10. JORGE PALMA & FLAK - "Two Ragged Soldiers“ (PT)

quarta-feira, 13 de março de 2013

Café Europa Apresenta: Scott Walker "Bish Bosch"

SCOTT WALKER “Bish Bosch”, 2012, 4AD
2012 passou. Estamos quase na Primavera de 2013, e a chacina socio-económica infligida pela Europa aos seus filhos menos prendados ainda é procissão que vai no adro. O tríptico quadro de Bosch só fica completo com o Inferno. Três álbuns de 2012 aparentam estabelecer uma ordem de prioridades face ao futuro; os seus autores são todos veteranos experientes. “The Final Report” dos X-THROBBING GRISTLE é a mais notável das eutanásias auto-administradas em toda a história da música moderna; “The Seer” dos SWANS, um inexorável aviso de Revolução. Revolucionário seria também o facto de SCOTT WALKER ter demorado apenas seis anos a fazer um disco novo. Seis anos apenas. Sinais da Reconstrução.
Reconstrução, porque há demasiadas pontas soltas feitas de ouro alquímico suspensas dos seus anteriores dois álbuns, de há dezoito anos a esta parte. Ouviram bem. 18 anos, dois álbuns. “Tilt!”; “The Drift”. Com “Bish Bosch”, o completar de uma fascinante trilogia que legitima de novo a importância que o cantor e compositor norte-americano ainda tem neste mundo feito de música e canções.
Não será necessário relembrar que foi o teen idol com voz de arcanjo na mais brilhante boys band de sempre, nos meados dos anos 60; é necessário não esquecer o bardo existencialista que levou BREL aos intelectuais anglo-americanos pouco interessados em verões de paz e amor. Mas é capital que não se esqueça o estóico crooner comercial que, paradoxalmente para ele, atravessou os conturbados anos 70 com nada menos que oito álbuns que sendo todos diferentes (um logo em 1970 feito de sólidas canções mais anímicas, os quatro seguintes como puro exercício kitsch de crooning de qualidade, mais os três de reunião dos falsos irmãos WALKER), culminavam em 78 com “Nite Flights”, onde SCOTT exercitava em apenas quatro estranhas canções da sua autoria, o futuro da sua carreira, fazendo de um álbum supostamente ligeiro um dos maiores enigmas da Grande Pop Music pré-assassinato de LENNON. O que sucedeu após esta reviravolta quase gótica/cold wave, foi impressionante. Por causa dessas quatro canções em “Nite Flights”, BOWIE e ENO fizeram o álbum “Lodger”, que muitos diziam ser o número final da trilogia berlinense. Mas qual trilogia berlinense? “Low” e “Heroes” são as duas faces de uma só moeda. O Camaleão ficou verde quando ouviu os temas de “Nite Flights” e jurou não ficar atrás. “Lodger” de BOWIE e ENO é um disco de veneração a SCOTT WALKER. Ponto final.
Do novo SCOTT WALKER, a Fénix renascida, ou Orfeu do Inferno regressado. E de novo, pela segunda vez, o lugar da condenação surge na esfera de debate do trabalho desta figura a quem muitos já desistiram de acompanhar o rasto.
Seis anos depois disto, a sequela lógica que SCOTT WALKER projectou apenas como uma obra discreta, singela, actual mas sem grandes entusiasmos. Apenas um disco honesto e sentido. No entanto, “Climate of Hunter” era a Revolução propriamente dita, depois dos tais quatro temas de “Nite Flights”, meros manifestos num plano maior. O choque junto das hostes românticas que ainda envelheciam ao som dos cheap thrills dos THE WALKER BROTHERS foi enorme, e abalados, confusos, ficaram os diletantes expiadores de destinos, que guardavam antes no coração a tetralogia SCOTT: 1 a 4, entre 67 e 69.
Climate of Hunter” era um corte epistemológico, um grande meteorito caído num largo e verdejante vale, capaz mesmo de aniquilar dinossáurios. SCOTT tinha 40 anos. Passaram-se quase outros tantos. Em 2013, WALKER, aliás NÖEL SCOTT ENGEL (que em alemão significa Anjo), fez 70 anos. SETENTA. E ao ouvir o novo “Bish Bosch”, após outros discos de ruptura como “Tilt” e “The Drift”, a estranheza da ideia parece inevitável – será que os longos espaços entre discos são a fonte de vitalidade criativa de um homem que no final da década das flores e do amor escreveu o disco de despedida mais sóbrio alguma vez composto por um jovem de 26 anos? Um homem em constante luta desigual com a arte maior da composição, fascinado, enamorado e entediado com ela? Capaz de longos eclipses, como Lancelote do Lago? E agora na 4AD? Na clássica, eclética, mágica 4AD? Demasiado bom para ser verdade? SCOTT WALKER cresceu um enigma e um dia será tarde demais para resolvê-lo, portanto não o questionemos mais …
Entretanto resta-nos atentar em “Bish Bosch”, sem ideias feitas, sem pretensiosismo. Peça por peça, o disco arranca com o mecânico “See You Don’t Bump His Head”, que curiosamente faz lembrar a rítmica de máquina de lavar de NURSE WITH WOUND há vinte anos atrás em “Thunder Perfect Mind, mas cuja narrativa dispersa faz sustentar a obsessão-choque de assistir a um arranque tão enérgico num álbum novo de SCOTT WALKER. “Corps de Blah” e “Phrasing” parecem fazer justiça aos momentos mais épicos de “Tilt” e de “The Drift”, sobretudo “Phrasing”, que traz consigo uma diversidade de géneros, passando por sonoridades SWANS / GODFLESH / NEUROSIS, Free Jazz e silêncios de ópera, e até mesmo uma batucada samba, em pano de fundo de líricas em cripto-verso. Mas o ponto central de “Bish Bosch” é a longa peça “SDSS 1416+13B (Zercon, A Flagpole Sitter”. São mais de 21 minutos. O título esconde duas entidades anãs castanhas – a saber o corpo sub-estelar mais frio do universo conhecido, e o próprio Zercon, o bobo mouro da corte de Átila o Huno no século V. SCOTT não esconde nunca o seu fascínio pelo detalhe pouco ortodoxo, aliás, é essa uma das essências base do seu estilo, da sua escrita. “Zercon” pretendia apenas libertar-se da sua situação, do imenso palácio de madeira de Átila, que ele via como uma gigantesca latrina, e atingir uma espécie de soberania espiritual e uma altura para lá do nosso cálculo. Ao passo que a longa peça progride, a personagem de “Zercon” imagina-se em diferentes estágios de altura – primeiro rodeado de águias, depois no pilar de S.Simão, e depois um salto surreal para os arranha-céus americanos da década de 30, onde se torna num “flagpole sitter” uma moda típica da época que consistia em passar vários dias sentado numa plataforma assente num poste de bandeira … no final do tema, enregela e morre, equiparando-se à anã castanha. Como uma grande maioria das canções de WALKER, uma tragédia.
E estas tragédias revistas enciclopedicamente não se ficam por aqui em “Bish Bosch” – o tema seguinte, “Epizootics”, é uma miríade de coisas desagradáveis retratadas de forma mirabolante. “Epizootics” é uma expressão de calão dos anos 40 que se refere a um novo surto de infecções no pico de uma epidemia, o que metaforicamente pode ter muitas leituras, sobretudo no estado actual do velho mundo. De resto é aqui que podemos escutar o som do Tubax, tocado por PETE LONG. O Tubax é o cruzamento entre uma tuba e um saxofone, e existem apenas dois em todo o país! É um instrumento monstruoso e para se tocar tem-se que se sentar no chão, o que está de acordo com a sua sonoridade sub-grave.
Dimple” começa com um estoiro que pode ser impróprio para cardíacos e escorre lânguido mas assustador, desconfortável, por entre sussurros de vento extraterrestre, com instâncias de canto em dinamarquês, o que nos faz relembrar que no início dos anos 70, SCOTT viveu em Copenhaga.
Tar” é uma peça argumentativa que lida com contradições bíblicas enquanto os percussionistas de serviço ALLASDAIR MALLOY e MARK WARMAN brincam com machetes gigantes de um metro e vinte, os quais estiveram para ser banidos do estúdio, por medida de segurança. Nas canções de “Bish Bosch há sempre algo significativo, interligado com as palavras das líricas, nada é deixado ao acaso, embora pareça. O álbum fecha com uma canção de natal, dedicada ao dia em que Nicolae e Elena Ceausescu encontraram juntos o seu destino final, depois de tanto poder e aparente glória. “The Day The Concucator Died”, o que repega no tema dos ditadores na obra de SCOTT WALKER – em 69, com “The Old Man Is Back Again”, falava sobre Estaline, em “The Drift”, sobre Mussolini e Clara Petacci. O fascínio de WALKER sobre os ditadores parece residir no facto destes não perceberem no seu percurso que se estão a condenar a si próprios desde o início (excepção feita a Salazar, Franco e Pinochet, que se safaram relativamente bem). O tema principal é que Ceausescu e a mulher não foram alvo de um julgamento, antes de um questionário baseado em acusações negativas e ao serem executados foram-no à romena, isto é, o pelotão de execução nem sequer esperou por ordem de fogo.
WALKER sempre disse que cada um dos seus novos álbuns seria o seu último. É um pessimismo muito especial. Fazer as coisas de um modo difícil, pouco acessível para a maioria dos mortais e depois dizer-se que será o último. E tal como o tríptico de BOSCH é suficientemente grande para abranger Céu, Purgatório e Inferno, assim o é “Bish Bosch”. Pode ser visto ao longe mas ao perto encontramos maior satisfação estética na percepção do detalhe. E como dizem os ingleses, no detalhe é que está o Diabo.    

quarta-feira, 6 de março de 2013

Café Europa: Emissão #61, de 04 de Março de 2013

1.ª Hora
01. CURRENT 93 - "They Return To Their Earth (For My Christ Thron) (live) (GB)
02. CURRENT 93 - "The Nudes Lift Shields For War" (GB)
03. MYRNINEREST - "Chaos In His ChoirBoy" (GB)
04. CURRENT 93 - "Idumea (vocals by Bonnie 'Prince' Billy)" (GB)
05. BONNIE 'PRINCE' BILLY - "Black" (USA)
06. JOHNNY CASH - "I See A Darkness" (USA)
07. CADAVEROUS CONDITION - "Black" (GER)
08. CHANGES - "Anthem To Freedom" (USA)
09. VON THRONSTAHL - "Runes & Men (flute interpretation)" (GER)
10. LASHER KEEN - "Alone In The Night (Celtic Death March)" (USA)
11. CIRCUS JOY - "Nudo e Crudo" (IT)
12. (r) - "Four Minutes Sabbath" (IT)
13. LARSEN - "Flowers (vocals by Little Annie" (IT)

2.ª Hora
01. H.E.R.R. - For A Christ-Thron (NED)
02. MYRNINEREST - "Long Home Sick Tonight" (GB)
03. CURRENT 93 - "Idumea (vocals by Baby Dee)" (GB)
04. BABY DEE - "Love's Small Songs" (USA)
05. FIRE + ICE - "Jubal and Tubal Cain" (GB)
06. ANDREW KING - "The Knight Templar's Dream" (GB)
07. THE HARE AND THE MOON - "The Willows" (GB)
08. SOL-DE-MUERTE - "Sentinel" (GB)
09. SANGRE DE MUERDAGO - "Onde as Almas Van a Morrer" (GAL-ESP)
10. ARNICA - "Tu Tierra" (ESP)
11. PILORI - "Les Trompetes De La Morts" (GER)
12. BIGORNA - "Bigorna Celeste" (PT)
13. HORUS CHAMBER - "Santuário Neutral" (PT)

David Tibet (Current 93/Myrninerest)
Photos by A.F.
James Blackshaw (Current 93/Myrninerest)