Uma vez mais o Café Europa estará presente e recomenda a todos o melhor Festival de Música em Terras Lusas.
Entre os dias 28 (quinta) e 30 (sábado) de Agosto a Associação Cultural Fadein realiza a quinta edição do Festival Gótico Entremuralhas no Castelo de Leiria.
O Cartaz desta edição, tal como a FADEIN nos tem habituado, é imperdível, ora confirmem:
01. ERMO - "Destornado" (PT) (ermo e.p. - 2012)
01. ERMO - "Destornado" (PT) (ermo e.p. - 2012)
02. ERMO - "Macau" (PT) (vem por
aqui - 2013)
03. UNI FORM - "Walking On A Fire Line" (PT) (1984 - 2012)
04. ICE AGE - "Jackie" (DIN) (to the comrades sg.- 2013)
05. ANDREW KING - "Maria Martin" (GB)
(the bitter harvest - 1998)
06. ANDREW KING - "Cruel Lincoln" (GB)
(the amfortas wound - 2003)
07. NÖI KABÁT - "I Corrode" (GB) ( i corrode/seeds of time k7 - 2012)
08. ONIRIC - "Blessing"
(ITA) (cabaret syndrome - 2009)
09. ONIRIC - "Tomorrow
The Sorrow" (ITA) (mannequins - 2013)
10. PARZIVAL - "Deus
Nobiscum" (RUS/DIN) (deus nobiscum - 2006)
11. HOLOGRAMS - "ABC City" (SWE) (holograms - 2012)
12. AESTHETIC PERFECTION - "The Siren" (USA) (a violent emotion - 2008)
13. ALLERSEELEN - "Ó
Coração Meu" (AUT) (barco do vinho - 2005)
14. ALLERSEELEN - "Sonne Golthi-Ade" (AUT) (edelweiss - 2005)
15. ALLERSEELEN - "In Vino Veritas" (AUT)
(barco do vinho - 2005)
16. ALLERSEELEN - "Mit Fester Hand" (AUT)
(v.a. mit fester hand - 2011)
17. SHE PAST AWAY - "Sanri" (TUR) (belirdi gece - 2013)
18. DARKWOOD - "Forgotten Beauty" (GER) (the final hour -
2003)
19. DARKWOOD - "Broken Wing" (GER)
(schicksalsfahrt - 2013)
20. THE LEGENDARY PINK DOTS - "I Love You in Your Tragic Beauty" (GB/NED) (i did not inhale -
2003)
21. THE LEGENDARY PINK DOTS - "Tower 3" (GB/NED) (the tower - 1984)
22. O. CHILDREN - "Radio Waves" (GB)
(o children - 2010)
23. O. CHILDREN - "Ruins" (GB) (o children - 2010)
24. HOCICO - "Odio En El Alma" (MEX) (odio bajo el alma - 1997)
24. HOCICO - "Odio En El Alma" (MEX) (odio bajo el alma - 1997)
ERMO
(portugal | darkwave, electrónica-ritual | 22h00)
Há muito que tínhamos dado conta disso: os bracarenses ERMO são uma das pérolas mais fascinantes da música que se faz em Portugal. Não estranhámos, por isso, quando observámos, com natural satisfação, que o seu primeiro álbum, “Vem Por Aqui” (2013 – Optimus Discos), constava no topo das listas de eleição de algumas das mais reputadas publicações nacionais. A nossa admiração pelos ERMO já vinha aquando da edição do seu EP de estreia em 2012. António Costa (voz) e Bernardo Barbosa (electrónica) são os timoneiros desta aventura sonora fascinante, obreiros de algumas das peças mais brilhantemente negras (passe a deliberada antítese) do cancioneiro contemporâneo português. O sentimento universal que se afere na sua música é tão transversal que nem o facto de se expressarem na língua mãe os impediu de experimentar uma bem-sucedida digressão por Espanha, França e Inglaterra. Ao vivo, os ERMO são de uma intensidade fora do comum, mercê, sobretudo, da presença ritualística de António Costa, cuja voz, muito particular, mais parece ser o espelho da alma de uma nação inteira. A nossa.
Há muito que tínhamos dado conta disso: os bracarenses ERMO são uma das pérolas mais fascinantes da música que se faz em Portugal. Não estranhámos, por isso, quando observámos, com natural satisfação, que o seu primeiro álbum, “Vem Por Aqui” (2013 – Optimus Discos), constava no topo das listas de eleição de algumas das mais reputadas publicações nacionais. A nossa admiração pelos ERMO já vinha aquando da edição do seu EP de estreia em 2012. António Costa (voz) e Bernardo Barbosa (electrónica) são os timoneiros desta aventura sonora fascinante, obreiros de algumas das peças mais brilhantemente negras (passe a deliberada antítese) do cancioneiro contemporâneo português. O sentimento universal que se afere na sua música é tão transversal que nem o facto de se expressarem na língua mãe os impediu de experimentar uma bem-sucedida digressão por Espanha, França e Inglaterra. Ao vivo, os ERMO são de uma intensidade fora do comum, mercê, sobretudo, da presença ritualística de António Costa, cuja voz, muito particular, mais parece ser o espelho da alma de uma nação inteira. A nossa.
UNI FORM
(portugal | post-punk, indie-rock | 23h00)
Os UNI FORM são uma das bandas independentes
portuguesas mais internacionais da actualidade. No seu currículo ostentam uma
invejável lista de concertos, com passagem por alguns dos palcos mais
apetecíveis da Europa [Razzmatazz (Barcelona) ou Gotik Wave Treffen (Leipzig)],
e ainda primeiras partes de nomes tão sonantes como She Wants Revenge (Lisboa e
Porto), O. Children (Bruxelas), Peter Murphy (Coliseu do Recreios, Lisboa),
Mesh (Arena, Madrid) ou Peter Hook And The Light (no CCB, em Lisboa). Os UNI
FORM, que apresentam um número impressionante de cuidados videoclips, têm nos
seus dois álbuns (“Mirrors” de 2010 e “1984” de 2012) um conjunto de temas
monocromáticos de grande eficiência post-punk onde, com naturalidade, podemos
encontrar resquícios de algumas das bandas que, assumidamente, mais influenciam
o colectivo lisboeta: Joy Division, The Cure, Bauhaus, Pixies ou Depeche Mode.
Ao que tudo indica, a actuação no festival Entremuralhas terá como base novo
disco e show. Será um privilégio para todos os que os presenciarem, pois é ao vivo
que o potencial de David Francisco, Nuno Francisco, Billy e Miguel Moreira é
revelado a toda a escala.
ICEAGE
(dinamarca | post-punk, punk | 00h00)
Os dinamarqueses ICEAGE têm dois álbuns [“New
Brigade” (de 2011) e “You’re Nothing” (de 2013)] que constaram nas listas de
melhores discos dos respectivos anos de edição, fazendo deles os “meninos
queridos” do reputado e influente site de referência mundial, Pitchfork. A sua
música punk, esquizofrenicamente negra, contém elementos que vão do puro
hardcore “in your face” à nebulosidade e monocronismo do gótico, notando-se
também uma vincada costela pós-punk de ritmo e baixo vibrantes. O resultado é
explosivo, embora o efeito das suas curtas mas incisivas canções rock possam
não ser percepcionados apenas com uma mera audição. A forma peculiarmente
“desafinada” de cantar do vocalista e guitarrista Elias Bender Rønnenfelt que,
entre outros, também pertence aos muito recomendáveis Vår, remete os ICEAGE
para o universo de uns The Birthday Party ao dobro da velocidade e com pedigree
“do-it-yourself”. Além disso, o seu maneirismo em palco contém algo de Ian
Curtis, Nick Cave ou Henry Rollins! A banda inclui ainda o guitarrista Johan
Surrballe Wieth (cuja tatuagem dos Death In June ajudou a criar uma certa, e
obviamente inusitada, polémica em torno do grupo), o baixista Jakob Tvilling
Pless e o baterista Dan Kjær Nielsen. Mas é ao vivo que os ICEAGE mostram o seu
verdadeiro fulgor (foram indiscutivelmente um dos nomes que levou o público ao
rubro na edição do Paredes de Coura 2013) sendo por isso, e muito naturalmente,
também um dos grandes atractivos do Entremuralhas 2014.
ANDREW KING
(inglaterra | neofolk, martial | 18h00)
Activista, trovador, artista plástico e
estudioso do legado cancioneiro tradicional britânico, ANDREW KING é uma figura
que apaixona, quer pela sua particular forma de se expressar, quer pelo cuidado
com que apruma todo o seu trabalho musical. Para se ter uma ideia, basta que
atentemos ao seu mais recente álbum, “Deus Ignotus”, um disco que levou 9 anos
a compor e que tem em “Judas” ou “The Three Ravens” verdadeiras obras-primas. A
voz extraordinariamente peculiar de ANDREW KING (onde nem sequer faltam incríveis
deambulações narrativas acapela) e a sua pronúncia britânica acentuada, são
outras das suas imagens de marca. King, que fez parte de Duo Noir (com Tony
Wakeford) e tem discos e colaborações com Changes, Sol Invictus, Brown Sierra,
Rose Rovine E Amanti ou Blood Axis, apresentar-se-á no palco da Igreja da Pena
acompanhado por Hunter Barr (Naevus) e John Murphy (KnifeLadder, SPK).
Imperdível!
NÖI KABÁT
(inglaterra | new wave, electro-minimal | 19h00)
Formados por Dee Rüsche (voz e metais), Owen
Pratt (sintetizadores) e Jonas Ranssøn (bateria), os londrinos NÖI KABÁT (nome
húngaro para “casaco feminino”) são uma das apostas-surpresa que a Fade In
reservou para a quinta edição do Entremuralhas. A sua música de toada
electrónica, toda ela produzida analogicamente, sem recurso a computadores,
evoca reminiscências dos pioneiros da música industrial, da new wave e da EBM
(Electronic Body Music). Mas é na voz de Dee Rüsche (uma espécie de David Bowie
cruzado de Simon “Duran Duran” Le Bon) que os NÖI KABÁT fazem a diferença entre
os demais, pois a suas estruturas musicais acabam por ganhar, estranhamente, um
contorno de canção. Quando ouvimos temas como “Make Room! Make Room!”, “I
Corrode” ou “Industry” somos embalados por um apelo romântico ao mesmo tempo
que somos sugados por uma enorme força que nos obriga a movimentar. A igreja da
Pena, será, mais uma vez, um “dancefloor” de eleição!
ONIRIC
(itália | cabaret/burlesque, chanson | 21h00)
Os italianos ONIRIC formaram-se em 2005 por
Carlo De Fillippo (teclas) e Gianpiero Timbro (voz, guitarra), dupla à qual,
normalmente, se juntam ao vivo Simona Giusti (voz, guitarra acústica, tamborim,
acordeão), Corrado Ciervo (violino, percussão) e Alessio Di Rubbo (baixo). Com
dois brilhantes álbuns editados até à data (“Cabaret Syndrome” e “Mannequins” –
ambos com selo da espanhola Caustic Records) os ONIRIC compõem belas e empolgantes
canções que fazem plenamente jus ao nome da banda. O sentido onírico do grupo
espelha-se bem na criatividade de temas como “Blessing”, “Ophelia’s Portrait”,
“Nirvana (You Make Me Sick)”, “Requiem For A Soldier” ou “Un Gris Bord”, peças
apelativas que nos induzem, muitas vezes, o universo dos seus conterrâneos
Spiritual Front, ainda que, com uma toada cabaret/chanson mais vincada e
cinematográfica. Os ONIRIC são uma banda de canções sofisticadas que nos
seduzem logo aos acordes iniciais. Amor à primeira audição!
PARZIVAL
(rússia / dinamarca | panzer-pop, neoclássico | 22h30)
Colectivo russo sedeado há anos na Dinamarca,
os PARZIVAL (inicialmente conhecidos como Stiff Miners) são uma banda
fortemente influenciada pelos eslovenos Laibach. Os seus 7 álbuns editados até
à data são autênticos compêndios de música bombástica e grandiosa, quase
wagneriana, repleta de percussões reais e electrónicas, arranjos neo-clássicos
com magistrais coros, sopros, sequenciadores e máquinas, e uma voz principal
grave e fortemente teatralizada. O grupo, que se expressa quase exclusivamente
em Alemão, preconiza um universo onde a disciplina e a determinação elevam a
arte a um estádio de arquétipo moral capaz de ser arma de arremesso contra a
natureza do caos e da degradação. Não é por isso de estranhar que o grupo se
acerque de uma certa imagem militarista e bélica num misto de paródia e ironia,
criando marchas e hinos, muitos deles dançáveis, com encriptadas mensagens
inspiradas no cristianismo ortodoxo, no catolicismo romano, no sufismo
tradicionalista, e no socialismo, como oposição ao capitalismo. Os PARZIVAL são
agitadores de consciências, e isso faz deles uma banda que não deixa ninguém
indiferente. Imperdível!
HOLOGRAMS
(suécia | punk, post-punk | 00h00)
Formados em Estocolmo, na suécia, por Andreas
Lagerström, Anton Strandberg, Anton Spetze, e Filip Spetze, os HOLOGRAMS são a
banda mais punk que o movimento post-punk viu nascer nos últimos anos. O grupo
estreia-se em Portugal para um concerto exclusivo que “incendiará” o Palco
Corpo do Castelo de Leiria, quando nele debitarem, por exemplo, um dos hits
mais rodados no Beat Club – a pista de dança mais alternativa da cidade: “ABC
City”. Este é daqueles temas que a multidão canta em uníssono, ao mesmo tempo
que pula e salta freneticamente ao som apelativo do seu ritmo. Mas desengane-se
quem possa pensa que o grupo se resume a um “one-hit-wonder”. Os HOLOGRAMS
apresentam um conjunto de temas eficazes e, apesar da toada energética de riffs
em riste, percebemos claramente que estamos perante um colectivo que constrói a
sua sonoridade inspirada numa trilogia de respeito: The Fall, Joy Division (ou
melhor, Warsaw) e The Cure. As letras, algo nihilistas, críticas e até
obsessivas, conferem-lhes a toada ideal onde nem sequer falta um acentuado
“british accent” para nos confundir sobre a sua verdadeira origem geográfica.
Os seus dois discos, repletos de temas tão depressivamente excitantes como
“Chasing My Mind”, “A Sacred State”, “Meditations”, “Ättestupa” ou “Fever”,
trazem o selo actual da Captured Tracks, mas poderiam muito bem terem sido
clássicos dos anos 80 editados pela criteriosa e visionária Factory Records… A
este concerto ninguém vai falhar!
AESTHETIC PERFECTION
(estados unidos | electro-industrial, syntrock | 01h30)
De Los Angeles, chegam-nos os AESTHETIC
PERFECTION, obra do às vezes polémico, sex-symbol e andrógino, Daniel Graves,
um verdadeiro cidadão do mundo que esteja onde estiver está sempre pronto a
demonstrar a sua criatividade. Os AESTHETIC PERFECTION apresentar-se-ão ao
vivo, pela primeira vez em Portugal, trazendo na bagagem “Til Death”, um álbum
que faz a cisão entre o passado puramente electro-industrial da banda e que
abre uma nova frente estética ao terceto (Tim Van Horn, na bateria e Elliot
Berlin nas teclas completam o line up) que se apresentará para fechar o Palco
Corpo no segundo dia do Entremuralhas 2014. Os AESTHETIC PERFECTION, cuja
videografia é impressionante (veja-se “The Dark Half”, “Big Bad Wolf”,
“Antibody”, “Inhuman”, “Great Depression” ou “A Nice Place To Visit”) têm uma
sonoridade contagiante, com elementos que nos remetem em doses equitativas
tanto para bandas como Combichrist ou Marilyn Manson como para outras como Nine
Inch Nail ou IAMX. Às vezes potentíssimos, outras vezes mais “synthpop”, mas
sempre geniais e apelativos. Uma aposta cirúrgica da Fade In que ninguém
deixará indiferente e que obrigará a banda a misturar a sua “nova” sonoridade
com os seus clássicos mais “harsh” do passado. A não perder!
ALLERSEELEN
(áustria | krautfolk, pop-militarista | 18h00)
Formados em 1987 na sombra das montanhas
austríacas, os ALLERSEELEN tornaram-se num dos nomes de maior culto da cena
martial-industrial-folk da velha Europa. A sua reputação foi erigida à conta da
sua sonoridade personalizada e das quase duas dezenas de álbuns editados até à
data. Liderados por Gerhard Hallstatt (ao qual se juntam em palco a
percussionista Christien H e a baixista Noreia), os ALLERSEELEN farão das
ruinas da Igreja da Pena, no Castelo de Leiria, o local ideal para a sua
prestação ao vivo. A sua música é uma mistura única de elementos folclóricos,
electrónicos e industriais, originando estruturas repetitivas-minimalistas onde
a voz discursiva de Hallstatt assenta na perfeição. Pop militarista? Folclore
industrial? Krautfolk apocalíptico? Sim, tudo isso e muito mais. Hipnótico,
apelativo e, por vezes, até dançável!
SHE PAST AWAY
(turquia | new wave, darkwave | 19h00)
Os turcos SHE PAST AWAY eram, sem margem para
qualquer dúvida, um dos nomes mais requisitados entre a comunidade melómana que
habitualmente frequenta o Entremuralhas. Formados em 2006, em Istanbul, por
Volkan Caner e Idris Aknulut, os SHE PAST AWAY só precisaram do EP “Kasvetli
Kutlama” e do álbum “Belirdi Gece” para se afirmarem como uma das mais
importantes bandas da actual cena dark-wave/post-punk europeia. A sua música
evoca, claramente, o espírito dos anos 80, onde nem sequer falta uma caixa de
ritmos retro… O baixo marcado e uma voz grave conferem ao grupo uma sonoridade
densa, mas é no facto de cantarem em turco que reside a magia e o mistério da
sua ainda curta mas incisiva obra. Nota-se que o duo (que em palco se apresenta
como trio) cresceu ao som de nomes como Joy Division, The Cure, Clan Of Xymox,
Grauzone, Sisters Of Mercy ou DAF, bandas que os próprios SHE PAST AWAY assumem
como maiores influências. A mística da Igreja da Pena vai ser redobrada quando
entre as suas paredes soarem temas como “Ruh”, “Sanri”, “Bozbulanik” ou “Kemir
Beni”. Imperdível!
DARKWOOD
(alemanha | neo-folk | 21h00)
Banda veterana da neo-folk europeia liderada
desde sempre pelo talentoso músico e compositor Henryk Vogel (que no Palco Alma
do Entremuralhas será acompanhado por três elementos), os DARKWOOD trilham,
desde 1999, uma caminho poético, inspirado maioritariamente numa determinada
arquitectura que perpetua, quer através de obras de arte quer através de uma
certa memória colectiva, alguns do feitos históricos mais relevantes e
marcantes da História do velho continente. Musicalmente, a neo-folk dos
DARKWOOD distingue-se pela qualidade dos seus arranjos: guitarras dedilhadas de
forma tranquila, melodias simples mas tocantes, vocalizações serenas e com sabor
romântico envoltas em atmosferas onde se distinguem violino e violoncelo, e
ainda uma subtil mas, por vezes, poderosa sessão rítmica. Os seus três mais
recentes discos (“Notwendfeuer” de 2006, “In Dunkle Land” de 2009, e
“Schicksalsfahrt” de 2013) colocam os DARKWOOD na linha da frente das bandas
claramente mais aptas a compor canções que roçam a perfeição. Uma estreia que
se ansiava há muito no nosso país!
THE LEGENDARY PINK DOTS
(inglaterra / holanda | folk-psicadélico, electro-trip poética | 22h30)
Sintetizar em tão poucas linhas a história e a
importância dos THE LEGENDARY PINK DOTS em toda a música contemporânea é quase
um sacrilégio. Formados em Inglaterra em 1980 e mudando para a Holanda pouco
depois, esta influente e particular banda construiu em gigantesco e
personalizado espólio musical, e é para a FADE IN uma verdadeira honra e
privilégio juntá-la ao nosso já de si vasto e criterioso currículo. O quarteto
tem duas figuras de proa que ainda são da formação original: Phil “The
Silverman” Knight e o vocalista, letrista e compositor Edward Ka-Spel – nome
absolutamente mítico no meio musical mais vanguardista. A música dos THE
LEGENDARY PINK DOTS é altamente personalizada embora tenha, ao longo das
décadas, experimentado diferentes incursões estéticas: folk-psicadélico,
rock-industrial, post-punk e até jazz progressivo. Entre as suas mais de 170
edições discográficas podemos encontrar quase 50 álbuns, alguns dos quais
verdadeiras obras-primas onde a poesia e voz inconfundíveis de Edward Ka-Spel
(que também manteve a banda The Tear Garden com cEvin Key dos Skinny Puppy) se
destacam pela singularidade e misticismo. Jim O’Rourke, Dresden Dolls ou MGMT
são alguns dos nomes mais conhecidos que os citam como influência. Num cartaz
repleto de qualidade, os THE LEGENDARY PINK DOTS acabam por ser, decididamente,
as “estrelas” maiores do Entremuralhas 2014. Uma experiência para os sentidos
e… para a Alma!
O. CHILDREN
(inglaterra | post-punk, indie-rock | 00h00)
Os britânicos O. CHILDREN fazem, finalmente, a
sua estreia em Portugal. O grupo, que adoptou o nome de uma canção de Nick
Cave, está sedeado em Londres e é formado por Tobi O’Kandi (voz), Andi Sleath
(bateria), Gauthier Ajarrista (guitarra) e Harry James (baixo). Tobi O’Kandi é,
aliás, a imagem de marca da banda, pois a sua voz grave transforma-o numa
espécie de crooner barítono das trevas, capaz de provocar o mais agudo dos
arrepios espinais com a mesma facilidade com que nos embala no mais aveludado e
confortável dos sonhos. De resto, temas como “Dead Disco Dancer”, “Ruins”,
“Radio Waves”, “Heels” (do álbum homónimo de estreia), “Holy Wood”, “I Know
(You Love Me)”, “Chimera” ou “Red Like Fire” (do mais recente “Apneia”) provam
que o post-punk contemporâneo não tem que ser só monocromático e bolorento.
Neste particular, os O. CHILDREN estão, sem dívida, num campeonato de elite.
HOCICO
(méxico |
electro-industrial, aggrotech | 01h30)
Os mexicanos HOCICO regressam, finalmente
e 10 anos depois, a Portugal, e logo para encerrar a quinta edição do festival
ENTREMURALHAS. Formados em 1993 (há 21 anos, portanto!) pelos primos Erk
Aircrag (Erik Garcia de seu verdadeiro nome – letras e voz) e por Racso Agroyam
(com registo de Oscar Mayorga no passaporte – programações e sintetizadores) os
HOCICO são hoje uma das bandas mais importantes da cena electrónica industrial
de todo o planeta. A sua música agressiva e repleta de imagens tipológicas negras,
onde podemos também encontrar claras influências da EBM (Electronic Body
Music), está registada em dezena e meia de álbuns que deram origem a alguns dos
temas mais rodados das pistas de dança mais alternativas do universo. Quando,
entre as muralhas da fortaleza gótica-medieval, soarem temas como “Fed Up”, “A
Fatal Desire”, “Bite Me”, “Dog Eat Dog” ou “I Want To Go To Hell”, haverá muita
gente a usar um dos chavões mais citados em Agosto: “É desta que o castelo vem
abaixo!”. Não virá, certamente, mas que vai tremer, vai!