01. AINULINDALE - "In
Menegroth" (FRA) (the
lay of leithian - 2003)
02. AINULINDALE - "The Parting" (FRA) (nevrast - 2014)
03. AINULINDALE - "Nevrast" (FRA) (nevrast - 2014)
04. ÀRNICA - "Gigante
Despierto" (ESP)
(lecho
de piedra - 2014)
05. ÀRNICA - "Monte Nublado -
Ladera" (ESP)
(lecho
de piedra - 2014)
06. ÀRNICA - "Uro" (ESP) (lecho de piedra - 2014)
07. ÀRNICA - "Valle de Lobos"
(ESP)
(lecho
de piedra - 2014)
08. STILLE VOLK - "La
Menense D'ours" (FRA) (Maudat-
2003)
09. EMPYRIUM - "Fortgang" (GER) (Weiland - 2002)
10. ÀRNICA - "Trazos de
Sangre" (ESP)
(lecho
de piedra - 2014)
11. ÀRNICA - "Caminando Hacia el
Sol" (ESP)
(lecho
de piedra - 2014)
12. ÀRNICA - "Alzada Petrea" (ESP) (lecho de piedra - 2014)
13. ÀRNICA - "Dolmen Dormido"
(ESP)
(lecho
de piedra - 2014)
14. CADAVEROUS CONDITION - "Time"
(GER) (songs for the crooked
path - 2007)
15. CHANGES - "Fire
Of Life" (USA) (fire
of life - 1996)
16. SOL INVICTUS - "Song
of the Flower" (GB) (in
the garden green - 1999)
17. ÀRNICA - "Una Bestia Astada"
(ESP)
(lecho
de piedra - 2014)
18. ÁRNICA - "Caetra" (ESP) (lecho de piedra - 2014)
19. ÀRNICA - "Monte Nublado -
Cima" (ESP)
(lecho
de piedra - 2014)
20. ÀRNICA - "Las Plumas del Cuervo"
(ESP)
(lecho
de piedra - 2014)
21. KLAMMHEIM - "Namenlos"
(GER) (heimwarts- 2009)
22. HEKATE - "Mithra's
Garden" (GER) (tempeltanze
- 2001)
23. AELDABORN - "A
Runic Ode" (GER) (the
cosmic trident - 2014)
24. AELDABORN - "Idunna,
Unveiled" (GER) (the
cosmic trident - 2014)
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ÀRNICA
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ÀRNICA
Estamos em crer que um dos trunfos dos catalães Àrnica ao
longo dos últimos dez anos terá sido a sua incrível agilidade no manuseamento
de uma arte tão antiga quanto o ferro – imaginar uma matriz de folk quase
literalmente primitivo e fazer dele uma música que nunca cansa o ouvinte e o
faz viajar pela espiral psicológica do Tempo.
O novo álbum “Lecho de Piedra” nem por isso dá
continuidade a uma qualquer abundante discografia, como a qualquer banda
neofolk europeia de rápida combustão; muito pelo contrário, este é apenas o segundo
álbum de longa duração, que sucede ao longínquo “Viejo Mundo” de 2009. É claro
que pelo meio os Àrnica lançaram ep’s, como “Soliferro” (a meias com os
siberianos Wolfsblood), ou “Mascaradas” e “Piel de Tambor”, estes dois mais
recentemente, para além de contributos para compilações várias.
Entre o Velho Mundo e o Leito de Pedra, surgiu apenas em
2010 o mini álbum “Numancia”. Nesse caso, perguntará o ouvinte, será que os Àrnica
são preguiçosos ou simplesmente não têm interesse em produzir e gravar música
para a sua própria divulgação ou mesmo preservação? A resposta está numa das
mais essenciais premissas para um projecto musical, o qual os Àrnica têm
cumprido com afinco – tocar ao vivo, com uma agenda bem preenchida em muitos
pontos do globo, não importando se tocam para 500, 50 ou 5 pessoas. É decerto
reflexo deste amor à Arte, desta incansável capacidade antioxidante, que
derivará em parte a agilidade de que falamos atrás e que remete o nome de
Arnica para a linha da frente das referências actuais do puro folk tradicional
feito no continente europeu neste anos iniciais do século XXI da era vulgar.
Não se poderá falar em salto ou mudança estilística de
disco para disco – num universo conceptual que vive e respira da tradição
positivamente exacerbada, não há lugar para grandes mudanças, ou transferências
ou fusões estilísticas. Aquilo com que nos deparamos em “Lecho de Piedra” é uma
reafirmação de intenções, revista e mais completa que em momentos anteriores,
em que o intérprete se compenetra de um chamamento mais profundo da alma
ancestral dos povos ibéricos, redistribuindo os traços musicais que os
caracterizam por novas ideias que regem estas composições.
É uma forma delicada de manter o interesse no seu
trabalho sem nunca se descaracterizarem e de preservarem a sua aura xamânica de
intérpretes de um passado esquecido. Com a música dos Àrnica, a releitura da
pré-história e das seguintes idades primevas torna-se mais que um ritual para
iniciados, ou exercício de estudiosos – é um portal orgulhosamente tosco na
aparência mas perfeito e natural na essência.
Enquanto nome reconhecido na cena tradicionalista, os Àrnica
ocupam já nos domínios ibéricos o lugar dos silenciados penafidelenses Sangre
Cavallum, que disseram adeus em 2008 com “Veleno de Teixo”; para além destes,
apenas os conterrâneos Sangre de Muerdago aparentam poder ombrear com as
façanhas dos Àrnica, embora aqueles se movam em paisagens mais suaves e
encantatórias. Mas até a brutalidade dos trabalhos iniciais dos Arnica parece
ter sido atenuada – não que tenham alguma vez enveredado pelo caminho da
facilidade brutalista de certos grupos alemães como os Corvus Corax, os quais
por exatamente serem alemães, se perfilaram mais perante as lógicas do mercado.
E dizer que os Àrnica são os Waldteufel catalães não tem exatamente o mesmo
teor de sarcasmo de afirmar que os Corax se podem tornar nos Rammstein do
neofolk … O grau de entrega místico e telúrico da música dos Àrnica é total, é
verdadeiramente uma música holística, uma profissão de fé na Terra e um manifesto
de vida autenticamente alternativa, que apela à fuga das cidades e ao
repovoamento dos campos e montanhas. Se for esse o plano tangível da próxima
utopia, digamos que ele já se encontra em lenta execução e que com a marcha do
tempo, os senhores que alimentam os bancos de areia movediça das urbes, a breve
trecho terão de inventar novas soluções para os seus truques de ilusionismo.
Até lá, por entre sinais que anunciam o futuro, será
este ritual de bombos, tambores lusitanos, bodrams irlandeses, flautas e gaitas
de foles, corno de boi e hastes de veado, tinwhistles, carracas e acordeão que
alimentará a Chama que alumia essa Nova Renascença Europeia a que ainda
poderemos assistir, depois da infame desunião que não tardará na História – não
somos nós que o dizemos, são já os próprios analistas e comentadores, que no
seu mesquinho desfiar de rosários financeiros, avisam para a necessidade de se
arrepiar caminho antes que seja tarde demais. Curioso é que isso aconteça cem
anos exatos sobre 1914. E em “Lecho de Piedra”, como se chamam esses sinais,
essas marcas? “Gigante Despierto”, “Monte Nublado”, ou “Valle de Lobos” e “Trazos
de Sangre”. Ou melhor, será “Caminando hacia el Sol” ou à sombra dum “Dolmen
Dormido”, que poderemos contemplar e entender melhor” Las Plumas del Cuervo”,
sempre com os pés assentes no Leito de Pedra que ainda permanece ligado à
Terra-Mãe.
(Texto de JCS)
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Photos: AF
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