quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Café Europa; Emissão #10, de 13-02-2012

R@dioas
Destaque especial para os três volumes da compilação 
Dark Britannica
Vol.I “John Barleycorn Reborn”, Cold Spring Records, 2007;
Vol II “We Bring You a King with a Head of Gold”; Cold Spring Records, 2010
Vol. III “John Barleycorn Rebirth”, Cold Spring Records, 2011


1.ª Hora
       (<-- Download aqui) 
1.              BLOOD AXIS “The Hangman And The Papist”  
2.              THE HORSES OF THE GODS John Barleycorn” 
3.              DRAGON SPIRIT Always Be Ours
4.              RICHARD MARTERS The Wind Knows”
5.              PAUL NEWMAN ”Lavondyss”
6.              SOL INVICTUS To Kill All Kings”  
7.              MAGICFOLK Green Man
8.              DROHNE   Nottamun Town 
9.              JOHN PARKER Manningham Blues
10.            SIEBEN Ogham On The Hill (remix)”  
11.            JAMES REID ”Elder”
12.            THE HARE AND THE MOON The Three Ravens
13.            STORMCROW Gargoyle”
2.ª Hora     (<-- Download aqui)
1.              WOODEN SPOON ”Children's Soul”
2.              DAMH THE BARD Spirit Of Albion
3.              CERNUNNOS RISING Hear It With My Heart
4.              THE KITCHEN CYNICS The Guidman's Ground”
5.              ANDREW KING Dives And Lazarus”
6.              TONY WAKEFORD The Devil
7.              NOVEMTHREE ”Scythe To The Grass”
8.              MARTYN BATES The Resurrection Apprentice
9.              TWELVE THOUSAND DAYS ”Thistles”
10.            THE STORY ”All Hallow's Eve”
11.             IAN MCKONE Searching for Lambs
12.            THE STRAW BEAR BAND ”Bear Ghost (master)” 
13.            THE ANVIL   John Barleycorn Must Live”
14.            STRAWBS   ”The Hangman And The Papist
Tony Wakeford (Sol Invictus)


Matt Howden (Sieben)

Quanto ao destaque de hoje, centra-se no folk de terras dos cavaleiros da távola redonda, que, em 2007, através da editora Cold Spring Records, viu nascer aquele que seria o primeiro volume da colectânea “Dark Britannica”, dedicada às sonoridades daquelas ilhas e compilada pelo duo Mark Coyle e Tony Dale, que recolheram um conjunto de inúmeras canções as quais compilaram através de 3 volumes, que reflectem o ciclo no nascimento, morte e renascimento.
Esta compilação gira à volta da mítica figura das tradições anglo-saxónica que é John Barleycorn, cantado desde o século XVI, símbolo das tradições mais profundas e das mais antigas canções do folk britânico. Esta é uma música que, em primeiro lugar, conheceu várias versões e numerosas interpretações de bandas de folk e de folk-rock. Em segundo, também se refere a uma das mais antigas e longas tradições que perduram no Reino Unido, onde "John Barleycorn" representa a personificação do vinculo das pessoas com todas as coisas da natureza, sentindo-as como entidades vivas, com uma personificação e nome. O folclore e as actividades sociais a ele associado tende a respeitar os ritmos naturais, algo que é similar em várias partes do mundo onde o respeito pela ordem natural das coisas é transposto para as tradições musicais locais. É o caso das danças a ritmos xamanistas à volta das fogueiras acompanhadas de cabeças de animais.
Tais práticas longe do alegado puritanismo religioso cristão, fez com que estas sonoridades se vissem associadas a ritos pagãos ou mesmo bruxaria, dando lugar à imaginação obscura, criadora de medos para uns a atracções para outros.
Na Inglaterra, esta ligação entre a musica e todos estes rituais, encontra-se representada pela figura de John Barleycorn, o qual se torna actor central nesta longa série de, precisamente 100 canções, e cujo primeiro volume foi denominado de “John Barleycorn Reborn”.
Desde a década de oitenta do século passado que o dark-folk passou a ter um lugar de destaque através de artistas e bandas que iniciaram uma nova corrente tradicionalista denominada de neo-dark-folk, que teve como mentores bandas como Current 93, de David Tibet, com o seu folk apocalíptico, ou os Sol Invictus, de Tony Wakeford, obscuro e minimalista.
Nesta compilicação, Dark Britannica, procuraram reunir a essa corrente a um punhado de todos os outros sub-generos do dark-folk britanico, desde o folk medieval, ao acid-folk ou ao folk-rock.
“John Barleycorn Reborn” contou com as participações, entre muitos outros de The Horses Of The Gods ,The Owl Service, Damh The Bard , Mary Jane, Andrew King, The Triple Tree, Sieben, Sharron Kraus, Peter Ulrich, The While Angels Watch, Martyn Bates e Sol Invictus.
Em 2010 foi editado o segundo volume desta magnifica recolha, à qual foi dado o nome de “We Bring You a King with a Head of Gold”.
Este segundo volume continua na senda do lado mais obscuro da tradição popular Inglesa, com raízes em rituais rurais e de consciencialização colectiva, conexo com imagens pagãs, canções populares ou, até mesmo fantasias.
Mais que canções são parte de uma tradição que sobrevive por meio de pensamentos pessoais, transmitidos, verbalmente, de gerações em gerações.
As composições são do mais amador neo-folk, folk pagão ou quase xamânico, e ficaram a cargo de projecto tais como Sproathly Smith, Mama, Magicfolk, Emyl Brynge, Philip & Natascha Butler, Autumn Grieve, Ruby Throat  Rowan Amber Mill ou Cernunnos Rising.
Em finais do ano passado foi editado, em forma física, o terceiro volume, denomindado de “John Barleycorn Rebirth” o qual tinha já tido edição digital gratuita para quem tinha os outros dois volumes.
Este terceiro volume, embora seja constituído por temas já recolhidos aquando da edição do primeiro volume, mostra-se tão importante como os restantes para melhor entender a panorâmica global do folk britânico, com ênfase para as vertentes dark folk e pagan-folk.
As ligações ao mundo rural britânico e a importância do momento das colheitas e do seu armazenamento, continua, neste volume, a ter especial destaque, transmitindo imagens folclóricas que permaneceram totalmente relacionadas com a natureza, e que ainda se mantêm intactos e fora das influências de cariz religioso.
Esta Dark Britannica é sem dúvida um bom compendium para quem procura percebe as raízes da música tradicional europeia, pois que, embora exemplificativa do que é a música de cariz mais obscuro produzida em terras do Rei Artur, é notória a sua influência no folk de todos os pontos do mundo ocidental.
(Photos by Ângelo Fernandes)



Sem comentários:

Enviar um comentário